Publicação: “Flama” Data: 30 de Maio de 1958 II Torneio Nacional de Problemística Policiária Clube Literatura
Policial
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II
TORNEIO NACIONAL DE PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PROBLEMA Nº 10 DRAMA NO CIRCO Autor: Rei Artur O inspector Ricardo ia, enfim, deliciar-se com o seu espectáculo favorito. Raras
vezes o nosso distinto investigador se resolvia a sair de casa com o fim de
se divertir, mas naquela noite, sua mulher conseguira convencê-lo sem grande
custo a ir ao circo, pois ele, certo da presença dos famosos trapezistas «Os Joeys Voadores», não teve dúvida em aceder ao pedido
formulado. No
centro da altíssima abóbada, seguros por fortes cadeias, pendiam bem
espaçados três reluzentes trapézios, dois maiores e um outro, no meio, mais
curto e mais estreito. As palmas ressoaram fortes e quentes saudando com
alegria a entrada dos três magos voadores, os quais subindo rapidamente pela
escadinha de corda se colocaram nos respectivos
baloiços, a fim de iniciarem o espectáculo que todas
as noites emocionava os assistentes, mercê dos seus perigosos e rápidos
volteios através do espaço vazio e sem rede. As luzes
que brilhavam apagaram-se dando lugar aos focos luminosos de três projectores. O velho Inspector
recostou-se melhor no estofo da cadeira e observou a saída de Mary, que
estava junto de Carlton, em direcção
ao trapézio do meio onde se suspendeu no espaço com os dedos bem fincados no
pequeno travessão de metal. O seu corpo esbelto baloiçava-se no espaço,
livre, com o trapézio sobre si. E logo rápido como uma flecha Carlton passara para o lado de Harris,
e este imediatamente ocupou o lugar contrário revolteando-se no espaço. Mary,
sem mudar de posição, fazendo balanço, seguiu em direcção
a Carlton que a segurou e a dirigiu, depois de
rápida flexão, para o companheiro que a recebeu e a projectou
em veloz sincronização Para o
suporte do meio, onde ela se manteve, como anteriormente, em excepcional suspensão, esperando as mãos do seu parceiro. Carlton e Harris,
entretanto, cruzaram o espaço e trocaram de posição, realizando em seguida
nova troca de lugares. E foi
quando a linda Mary seguiu em direcção ao seu
comparsa que a tragédia se consumou!... Este depois de a receber tentou um
balanço mas… Foi
precisamente nessa altura que os espectadores gritaram um «Jesus!»
horrorizados. A linda voadora estatelara-se no chão, exangue e sem vida. Horas
passadas os três trapezistas, em câmara ardente, velavam o corpo daquela que
fora sua companheira e os ajudara a conquistar a fama e a riqueza. O Inspector Ricardo, mercê da sua qualidade oficial,
mantivera-se junto dos infelizes trapezistas, a fim de averiguar algo que
pudesse justificar aquela morte desastrosa, e, por isso, na primeira altura,
fez algumas perguntas. Carlton, desanimado, só conseguiu murmurar,
cabisbaixo, que Mary certamente perturbada o largara e que não tivera
possibilidade de a segurar. Acrescentou,
respondendo a outra pergunta, que não conhecia razões que a pudessem levar ao
suicídio. Harris, nada pôde adiantar. Declarou que, quando
a sua companheira caíra, se encontrava em volteio aéreo e que por isso não
tivera oportunidade de lhe observar o semblante, não podendo, por
consequência, adiantar nada sobre o caso. Já em
casa, o Inspector Ricardo, entre um pedaço duma loira
torrada e um trago de leite bem quente, anotou no seu caderno de
apontamentos: Um deles
mentiu! Digam-nos
os leitores qual dos trapezistas mentiu e exponham o seu raciocínio. |
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DANIEL FALCÃO |
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