Publicação: “Flama” Data: 28 de Fevereiro de 1958 II Torneio Nacional de Problemística Policiária Clube Literatura
Policial
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II
TORNEIO NACIONAL DE PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PROBLEMA Nº 4 UM ESCONDERIJO À VISTA Autor: Mr. Ignotus O caso
não tem muito que contar. Chegara
ao meu conhecimento que, numa praia do sul, iria ser entregue uma
microfotografia do «PLANO 22» a um agente encarregado de a levar até às
pessoas interessadas em a ver. Depois
de árduo trabalho, consegui reunir os seguintes dados: – O
suspeito (apenas me interessava o actual possuidor
do plano) era um daqueles três homens que eu roubara ao prazer de um banho de
mar e que agora tinha na minha frente. – O
plano encontrava-se escondido algures, que não nos reduzidos calções que
envergavam e que já tinham sido cuidadosamente observados pelos peritos. – Mais
indícios – apenas um papel que fora encontrado na barraca onde se tinham
despido e que não sabia qual deles o tinha escrito. Pouco ajudava, pois fora
cortado, apenas possuindo uma frase incompleta: «3/6 DO
CRISTAL ESTÃO À VISTA DOS HOMENS QUE O PROCURAM» Uma
certeza apenas: – um daqueles três homens tinha ali, na minha frente, a
microfotografia. Mas qual deles?... O distinto
Paulo, magro e marcial nas rugas dos seus 63, de pele levemente leitosa,
cabelo à escovinha e olhar extremamente saltitante?... O
gorducho Mateus, de cabelos pretos e grande barriga com os olhos bugalhudos a
rodarem nas órbitas como coelho amedrontado que espera a todos os instantes
ser comido?... Ou o
fleumático Raul, de olhar parado, extremamente míope, que parecia fixar um objecto distante e que desde que fora chamado se
mantivera firme, pronto a qualquer ataque, apenas respondendo por monossílabos
às minhas perguntas?... Continuei
o meu passeio à sua volta, observando-os… Mateus
seguia-me torcendo a cabeça, nunca me perdendo de vista; Raul rodava nos
calcanhares com os punhos cerrados como se esperasse que eu o agredisse e
Paulo olhava-me, desconfiado, por cima do ombro. Afinal a
resposta acabou por surgir no meu cérebro associada à lembrança dum caso que
lera em tempos. A prova estava agora na minha mão. – Quem
era o possuidor do «22» e onde o ocultava? –
Prove-o. |
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©
DANIEL FALCÃO |
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