Publicação: “Público” Data: 14 de Setembro de 2014 Campeonato Nacional 2014 Taça de Portugal 2014 Provas
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CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2014 SOLUÇÃO DA PROVA Nº 6 (PARTE II) ROUBARAM A GIOCONDA Autor: Búfalos
Associados A resposta certa é: B - O Sr. Lopes deve ter
mentido. O problema remete a acção
para tempo de castanhas e temporal (Inverno portanto) nos anos em que o
Benfica jogou no seu (emprestado pelo Sporting...) Campo Grande, conhecido
por "a estância de madeiras", de 1941 até 1953. A hipótese D fica desde logo eliminada, pois se a
chave roubada apareceu em cima do balcão do café e a porta da rua estava
fechada com duas voltas, é porque alguém que possuía a sua própria chave a
terá fechado por fora. Um dos quatro que tinham chave mentiu e deve ter sido
quem levou a gata, ficando desde já posta de parte a hipótese de um ladrão
desconhecido, pois entre sábado à tarde e domingo de manhã não teria sido
fácil, naquela época, alguém mandar fazer um duplicado da chave roubada. Mas,
sendo alguém do prédio, para quê roubar outra chave quem já possuía uma? É o
que veremos mais tarde. A Dona Rosa estará ilibada pelo testemunho da
prima e a atitude da Elsa parece sincera. Acontece que os depoimentos são
mais ou menos credíveis, à excepção de um. Não
parece nada normal que, num dia de temporal desfeito sobre Lisboa com ventos
ciclónicos e chuva sem parar, o Sr. Lopes, um homem já velhote e que pouco
saía de casa, tenha estado a pescar na doca do Poço do Bispo desde as dez da
manhã até perto das três da tarde. Daí que as desconfianças do Inspector Garrett se tenham inclinado para ele. Ainda por cima, com a corrida que terá dado para a porta,
mostrou uma preocupação de não se molhar que não joga com a afirmação de ter
estado mais de quatro horas à pesca em pleno temporal. A acreditarmos no que disseram a Elsa e o
Leonardo, o roubo deve ter-se dado entre as 11 horas e as duas da tarde. O
Lopes, que segundo parece detestava a Gioconda, deve ter aproveitado o facto
de ser domingo (dia em que o café estava fechado, Leonardo costumava ir
vender castanhas, a Elsa não trabalhava e a Dona Rosa ia normalmente à missa)
para proceder à execução sumária do felino. Na véspera à tarde ter-se-á
apoderado da chave suplente com a intenção de deitar as culpas para alguém de
fora. Estava ali mesmo à mão pendurada na ombreira da porta, qualquer um a
tirava, e abandonada no balcão acusaria outro qualquer que não ele, que tinha
a sua própria chave. Mas com a atrapalhação de fugir levando ao colo o animal
odiado, deve ter-se distraído e fechou a porta com duas voltas, como a
encontrou. Se a tivesse deixado no trinco, ainda seria possível desconfiar de
um estranho, mas assim não. Em vez da pesca ao robalo, foi a caça à gata, que
acabou na caça ao Lopes. E a relação entre os dois homens nunca mais foi a
mesma. Mas a verdade é que o Vale Escuro também já não é o mesmo. |
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©
DANIEL FALCÃO |
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