Publicação: “Público”

Data: 6 de Abril de 2014

 

 

Campeonato Nacional 2014

Taça de Portugal 2014

 

Provas

 

 

Parte I

1

Parte II

 

 

Parte I

2

Parte II

 

 

Parte I

3

Parte II

 

 

Parte I

4

Parte II

 

 

Parte I

5

Parte II

 

 

Parte I

6

Parte II

 

 

Parte I

7

Parte II

 

 

Parte I

8

Parte II

 

 

Parte I

9

Parte II

 

 

Parte I

10

Parte II

 

 

 

 

 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2014

 

PROVA Nº 3 (PARTE I)

 

OS QUATRO AMIGOS

Autor: Flo & Tânia

 

Esta é a História de quatro jovens, oriundos de vários pontos do país, que se juntaram em Coimbra, com a finalidade, de entrarem para a Universidade e por motivos que vamos saber e outros, que nos passaram ao lado, acabaram por pedir auxílio à dupla maravilhosa, Flo & Tânia.

 

O Rúben, filho de uma família modesta, de uma aldeia para os lados de Bragança, ia ter direito a uma festa porque completara o 12° ano. O pai trabalhava em Bragança para duas solteironas que tinham vindo de Coimbra tomar conta dos bens que os pais lhes tinham deixado e foram estas senhoras, que além da festa, iam fazer uma proposta ao Rúben. No dia anunciado, após o “comes e bebes”, veio a declaração prometida. Foi com emoção que a D. Laurinda proferiu as seguintes palavras: Se o Rúben continuar os estudos em Coimbra, tem lá uma casa como se fosse dele. E o Rúben rumou a Coimbra.

A casa era enorme, rés-do-chão e primeiro andar, em baixo dois quartos, sala de visitas, sala de jantar e de convívio, cozinha e casa de banho. Uma escada interior ligava os dois andares que eram praticamente iguais, nas traseiras da casa um pequeno laranjal e uma casa de arrumos.

A cem metros de distância, ficava a ''Leitaria O Pirata'' ponto de encontro dos estudantes que chegavam e os que já cá andavam, as amizades fizeram-se rapidamente e dois dias depois já tinha companheiros em casa, o Luís Serôdio, já no segundo ano de medicina, o Francisco Salgado, matriculado em Direito e o Hélder Cunha queria seguir enfermagem. Na primeira conversa que tiveram para a atribuição dos quartos e como ia ser o funcionamento da casa, chegaram à conclusão que a prioridade era arranjar uma empregada urgentemente para tratar da casa, e na medida do possível todos ajudariam. A casa estava mobilada, apenas alguns ajustamentos seriam precisos nos quartos, ao gosto de cada um. Ficou também assente a mensalidade do aluguer e o Rúben foi o escolhido para gestor das contas. Assim que o escolheram lembrou-se da avó que sempre dizia: “uma caixa de papelão é o melhor cofre”. Seguiu sempre esse conselho.

Serôdio e Hélder ficavam no piso de baixo, Rúben e Salgado no piso superior.

Quando era possível, juntavam-se todos, jogava-se uma Kingalhada ou Poker, cinquenta por cento da receita das fichas, ficava para a casa - tinham investido num frigorífico, num aspirador e em pequenas coisas que iam surgindo.

Todos os meses um depósito chorudo aparecia na conta do Salgado, segundo o que ele nos contou, andava a ajudar a gastar a fortuna da família. Ainda abordou o tema BPN na origem dos biliões do papá, mas como estava bem bebido não ligaram muito e ele nunca mais voltou ao assunto.

Ao fim da primeira quinzena, surgiu-lhes uma senhora à procura de trabalho, Dulce de seu nome, quarentona toda para a frentex, a quem o dono da Leitaria tinha dado a ''dica''. Senhora de respeito que com o tempo os foi conhecendo melhor e de vez em quando fazia um jantar, à maneira.

Hélder Cunha, acabou por seguir enfermagem na área do gesso e ossos.

Luís Serôdio, vindo da Figueira da Foz, passava horas a olhar para o tabuleiro de Xadrez e a estudar a maneira de ganhar o Euromilhões.

O Rúben entrara nos quadros da PT, assim que acabou o seu curso na área da Informática.

Entretanto, uma das manas tinha falecido e os quatro amigos foram até Bragança ao seu funeral.

Os anos foram passando, a nossa amizade era indestrutível e mantivemos sempre o respeito de não violar os quartos uns dos outros. Um dia aconteceu o inesperado, tinham desaparecido 11 mil Euros das economias da casa, apenas tinham ficado as moedas que perfaziam 215,70 €. Como Hélder Cunha não estava, Rúben reuniu com os que estavam, incluindo a D. Dulce e ficaram a saber o que se passava. Resolveram esperar pelo Hélder para tomar decisões e é aqui que a dupla entra, após pedido de auxílio.

O que eles contaram em separado e o que a dupla averiguou:

D. Dulce viu o Hélder a sair apressadamente do quarto do Rúben, estranhou o facto, mas nunca mais se lembrou.

Rúben: ''Adoro a noite mas com a responsabilidade que tenho na PT, praticamente só tenho as noites de sexta-feira, o resto da semana é TV, Teatro e jogar cartas com os amigos da casa. Ate me senti mal quando não vi as notas.''

''Falou a alguém aonde guardava o dinheiro?" - interpelou o Flo.

Rúben: '' Nem pensar!"

Francisco Salgado: ''Vivo do que o Papá envia, invisto no jogo, umas vezes ando na mó de cima outras em baixo, como é o caso de agora. Adoro mulheres, beber e sou um bom garfo. Cheguei a dizer aos colegas que punha o dinheiro, pois de certeza, a importância vai aparecer. Talvez tivesse sido uma emergência ou um desespero. Eu não fui garantidamente. Tenho sonhos, como todos nós. O meu é entrar no torneio de Poker Americano, em que o primeiro prémio é um Mercedes-Benz, 260-D a diesel, de 1932, mais 100.000 €, só que a inscrição são 1.000 dólares, ainda ando a pensar.''

Serôdio, também arrisca na roleta. Segundo Tânia apurou, quando lhe foi posta a questão, disse que jogava em Espinho, a Figueira era um meio pequeno e quando assim é todo o mundo ficava a saber.

Serôdio: '' Jogo desde 2006, os porteiros já me conhecem, nem procuram pelo cartão de acesso, nem o Xadrez me deixa tão feliz. Este caso é muito triste. Estou convencido que não foi ninguém da casa e guardar o dinheiro numa caixa não é aconselhável."

Hélder: " Estive ausente, assuntos familiares assim me obrigaram. "

Quando lhe contaram da D. Dulce, respondeu secamente: - "Tentei despedir-me de alguém da casa, o que não aconteceu. Espero que não duvidem de mim e que isto não passe de uma brincadeira."

 

Flo e a Tânia também estavam baralhados e por isso pedem a ajuda de todos: Digam-lhes se acham que alguém dos quatro amigos tirou o dinheiro e como chegaram à vossa conclusão.

 

© DANIEL FALCÃO