Publicação: “Público” Data: 15 de Junho de 2014 Campeonato Nacional 2014 Taça de Portugal 2014 Provas
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CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2014 SOLUÇÃO DA PROVA Nº 4 (PARTE I) AFINAL ELE NEM ESTAVA LÁ… Autor: Rip Kirby Não há dúvida nenhuma de
que o Major Valente Tenrinho foi vítima de um atentado. Um homem que tenha levado
uma vida aventurosa como ele levou está sempre sujeito a arranjar
muitos inimigos e ele arranjou-os. Entre os convidados
presentes na recepção que organizou na sua casa encontravam-se pelo menos
três que tinham fortes razões para lhe desejarem a morte. São eles:
Jerónimo de Albuquerque, capitão do exercito compulsivamente passado à
reserva. Fernando Mergulhão 1º sargento que não havia conseguido terminar
o curso da Escola Central de Sargentos. E finalmente Alberto Xavier,
Major já aprovado, havia dois anos, para ser promovido a Tenente Coronel, mas
cujo despacho não havia meio de sair dos gabinetes da hierarquia
correspondente. Os motivos pelos quais
eles se tornaram suspeitos são bem conhecidos por nós, mas do interrogatório
a que foram sujeitos nada se apurou de que os pudessemos acusar pela morte do
Major. Todos os convidados
começaram a chegar pouco depois da 09h30m e reuniram-se com o seu anfitrião
no jardim que embelezava a frente da moradia. Os preparativos para o repasto
do almoço desse dia já tinham sido concluidos. No escritório apenas se
procederia às habituais salvas de artilharia tanto ao gosto do dono da casa o
que aconteceria minutos antes do início do almoço. Como vimos esse almoço não
chegou a realizar-se e o Major foi enviado para os anjinhos. Como vimos, não foram
encontrados quaisquer indício que os acusasse e é fácil chegar-se a essa
conclusão. Nenhum dos convidados tinha tempo para permanecer no escritório
armadilhando o telefone. Também é pouco provável, que algum dos serviçais da
casa que tivesse montado a armadilha e matar o patrão significava ficarem sem
emprego. Como sabemos, entre os
convidados encontrava-se também Armando Roboredo, sobrinho do Major que
morava na mesma casa, filho de uma irmã deste e de um capitão do
exercito morto em Angola, em condições estranhas, quando da segunda comissão
do Major. Segredavam os empregados
da casa, entre si, de que Armando acusava o tio de responsável pela morte do
pai. Não podemos garantir de que tal mexerico tenha algo de verdadeiro, mas o
mal é as más línguas injectarem o seu veneno. Analizando com alguma
atenção os factos fácil é concluirmos que de entre todos é Armando quem
melhor oportunidade teve para armadilhar o telefone. Ele podia-se movimentar
pela casa sem causar estranheza alguma podendo assim dedicar-se à vontade à
tarefa a que se propusera. Quando chegou o momento
que melhor lhe pareceu telefonou para o tio e aconteceu o que já sabemos.
Depois deixou-se ficar no Jardim ainda durante algum tempo e quando
chegou a casa fingiu que não sabia de nada do que se passou. Uma nota final para
esclarecer que algumas das miniaturas de peças de artilharia feitas em
bronze e que se podem comprar em algumas lojas se prestam perfeitamente para
o que aqui foi narrado, eu já assisti a algo parecido há anos quando estive
em Macau num jantar de antigos artilheiros. Contudo o que provocou a
morte do Major não foi nenhum tiro de artilharia mas sim a explosão do
telefone armadilhado. |
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©
DANIEL FALCÃO |
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