Publicação: “Audiência Grande Porto” Data: 20 de Junho de 2018 Torneio “Solução à
Vista” Provas
|
TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA” SOLUÇÃO DA PROVA Nº 1 O ENFORCAMENTO DO VIGILANTE Autor: Daniel Gomes O
inspetor Macunaíma desvalorizou os depoimentos recolhidos durante as
investigações, que poderiam indiciar a possibilidade de se estar perante um
caso de homicídio, caso não fosse completamente impossível alguém ter estado
na fábrica naquela tarde, no momento do enforcamento do vigilante Ventura
Marques. As portas que comunicam com a dependência onde se encontrava o cadáver
estavam todas chaveadas pelo interior, com as chaves na fechadura, sendo
impossível a sua abertura pelo lado contrário, sem arrombamento, como se
verificou nas várias tentativas feitas pela polícia na porta que comunica com
o exterior. Por outro lado, o inspetor constatou, através das bandeiras das
portas, feitas de vidro transparente, a ausência de quaisquer pessoas ou a
inexistência de algo que pudesse estar de algum modo associado à morte do
vigilante. Face ao acima exposto, a morte de Ventura Marques,
mesmo que esteja de alguma maneira relacionada com as suas alegadas más
relações com o colega Jorge Cunha ou com o seu suposto envolvimento amoroso
com uma tal funcionária da empresa de congelados, de seu nome Leninha, não se
ficou a dever a um qualquer ajuste de contas ou discussão de desfecho
trágico, por via de um desses casos. Não se está, por isso, na presença de um
crime de homicídio. Aliás, muito antes de ouvir os depoimentos que
desvendaram esses casos de reprovável relacionamento, já se fizera luz no
cérebro do inspetor Macunaíma sobre a forma como ocorrera a morte do
vigilante, o que deixou toda a gente espantada face à sua rapidez de
raciocínio. E a verdade é que passara pouco mais de quinze minutos desde a
chegada do consagrado inspetor ao local da ocorrência!... Vejamos,
então, como ocorreu a morte do vigilante Ventura Marques. Os agentes da PSP
deslocados para o local depararam com o pobre homem preso pelo pescoço a uma
corda amarrada na tubagem da água que passa junto ao teto e com os pés a
cerca de meio metro do chão, já sem sinais de vida, chamando de imediato os
serviços de emergência médica, que se limitaram a declarar o óbito e a
comprovar que a morte fora devida a enforcamento. Só que no chão, alagado de
água, não havia à vista nenhum objeto, um banco, uma cadeira, um caixote,
nada em que o infeliz Ventura Marques se pudesse ter empoleirado para cometer
aquele seu desesperado ato. Mas o que passou despercebido aos olhos dos
agentes da PSP, não escapou ao privilegiado cérebro e capacidade de
raciocínio do inspetor Macunaíma: o chão alagado de água significava que o
vigilante usara um cubo de gelo com 50 cm de altura para cometer o suicídio. |
|||||||||||||||||||||||
©
DANIEL FALCÃO |
|