Publicação: “Audiência Grande Porto” Data: 10 de Junho de 2018 Torneio “Solução à
Vista” Provas
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TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA” PROVA Nº 2 CAMARADA TEMPICOS Autor: A. Raposo Vocês já
conhecem o Tempicos de outras histórias. Pois ele continua malandreco,
oportunista e pinga-amor. Tudo qualidades, como é óbvio. Ultimamente,
como o turismo aumentou, decidiu explorar esse filão. Meteu-se
nas suas tamanquinhas e começou a frequentar locais turísticos na cata de
visitantes, preferentemente noviças e apetitosas, que ele não faz por menos! Estava
ele no Mosteiro dos Jerónimos quando vê aproximar-se duas loiras lindas e
viçosas e, claro, ele meteu conversa. O velho “Do you speak english?” da
ordem. E o
diálogo começou. Elas começaram por dizer que eram russas de Moscovo,
professoras de educação física, estavam em Portugal pela primeira vez e
arranhavam o português com sotaque do Brasil. Fora lá que estiveram um mês e
aprenderam alguma coisinha. Tempicos
apresentou-se como político de carreira aposentado. Dizer que fora da Judite
não lhe dava status. Elas eram cópia fiel uma da outra o que quer dizer que
eram gémeas. Delicadamente,
Tempicos ofereceu a sua casa, no Bairro Alto, bairro típico de Lisboa, num
segundo andar, com janelinha para o Tejo e uma grande cama “big size” que
daria para os três, sem prejuízo para quem ficasse ao meio, desde que fosse
ele… Mas como
elas não tinham conseguido arranjar hotel – Lisboa estava sem camas, dado o
grande boom de turistas – elas não se fizeram esquisitas… pois afirmaram ser
socialistas e com grande mental aos costumes. Uma
delas que afirmou chamar-se Nádia tinha uma pequena mancha negra no mamilo
esquerdo (esquerdo para quem saia, direito para quem entra) que era bem
visível dado o generoso decote. A mana
chamava-se Galina. Tempicos
pensou que ela seria uma franganota de fácil e rápida digestão… Eram
moscovitas e tinham aprendido o português no Rio, de onde tinham chegado de
manhãzinha a Lisboa, pela primeira vez, e estavam a gostar do que estavam a
conhecer. Tempicos
levou-as até sua casa após a ida aos Jerónimos e a uma visita aos pastéis de
Belém, comprar umas dúzias para comerem à noite que se apresentava agitada
quiçá de insónia. Tempicos
apresentou-lhes uma bandeirinha do PCP que lhes ofereceu de lembrança visto
que elas se confessaram partidárias do atual partido comunista da federação
russa, e ele aproveitou para dizer uma mentirinha: que andara em tempos na
clandestinidade. Tovarish
– disse Tempicos, a única palavra que sabia ser Camarada. Nádia
disse num português de sotaque brasileiro que gostaria de andar de carro
elétrico. Galina acrescentou que gostaria de beber uma bica numa esplanada à
beira Tejo. Tempicos
disse-lhes que sim e mudou de assunto. Passaram
uma noite agitada, cheia de risinhos, ruídos e boa disposição que nos
escusamos de detalhar, pois os nossos libidinosos e perversos leitores são
capazes de calcular sem esforço. Às
tantas da noite Tempicos precisou de se levantar para ir à casa de banho
(coisas da natureza) e no regresso foi espreitar as lingeries dispersas no
chão. Nádia tinha um H bordado na calça vermelha e a mana um L igualmente
bordado a dourado na calcinha preta. Estes
factos levaram o nosso herói a perguntar se elas não estariam ligadas aos
serviços secretos. Tempicos
gostava de enganar mas não de ser enganado. E os
amigos leitores, que também não gostarão de ser enganados, saberão através da
vossa dedução concluir da veracidade das afirmações das manas russas? Tempicos
sabia que aquela história não estaria a ser bem contada. Mas perdoava-lhes o
mal que lhe fizeram pelo bem que lhe soube aquela aventura. DESAFIO
AO LEITOR: E o
leitor, também desconfia da veracidade das afirmações produzidas pelas duas
manas russas, ou não? E porquê? Justifique o seu raciocínio,
pormenorizadamente, através de relatório. |
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©
DANIEL FALCÃO |
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