Blogue: O Local do Crime Data: 5 de Janeiro de 2019 Torneio “Solução à
Vista” Provas
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TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA” PROVA Nº 9 FIASCO Autor: Detetive Jeremias 1 – Factos A 12 de
Maio de 2018, no lugar conhecido entre nós como casalinho dos Cadimas, foi
vandalizada uma habitação isolada durante a ausência temporária da sua
proprietária. A GNR foi chamada ao local às 23h57
por Luísa Lourenço, que declarou ter saído por volta 17 horas na companhia de
uma prima, para assistir a um espetáculo no Parque das Nações. De regresso,
verificaram que a porta de entrada estava aberta e as divisões revolvidas:
armários, gavetas e prateleiras com o conteúdo espalhado pelo chão, cama e
sofá esventrados. Só o interior da casa foi alvo dos malfeitores. A vítima,
que é viúva e vive sozinha, garantiu que os bens mais valiosos −
dinheiro e o pouco ouro − estavam a salvo. Não tinha ainda tido tempo
de verificar, mas à primeira vista parecia não faltar nada. A pequena
habitação é composta por sala, quarto, cozinha e casa de banho. 2 – Reflexões Personagem
A Mas como
é que eu caí no conto do vigário? Recebi anteontem pelo correio dois bilhetes
para a Grande Final. Vinham com um cartão: “Oferta de Amigos”. Para mim foi
melhor do que ter ganho o Euromilhões. Valha-me
Deus! Os bilhetes estavam mais do que esgotados e nem nunca me passaria pela
cabeça gastar tanto dinheiro. Mas agora, pensando bem, os lugares que nos
ofereceram eram dos piores, dos mais baratuchos. É claro que me queriam fora
de casa para poder deitar a unha ao dinheiro da venda dos pinheiros. Não é
segredo para ninguém a boa maquia que recebi. Nem queria acreditar quando vi
a casa naquele estado. Felizmente não descobriram o cordão de ouro e as notas
de 200 na lata do café. Personagem
B Deixaram-me
aqui com pouco ou nada para me entreter. Fiquei deitado ao sol, todo
esticado. Bebi água e depois fui para a sombra, porque fiquei com calor. Lá
em baixo anda alguém a cortar silvas com uma roçadora e o barulho está a
zoar-me nas orelhas. Já não se pode estar tranquilo. Agora é o chiar da
corrente de uma pasteleira. Parou ao portão. Quem vem lá? Olá… Cheira-me a
alguém. Ena pá! Grande osso! Personagem
C Coitada
da Luisinha. É como uma irmã para mim e a minha melhor amiga. Estava tão
feliz por ter concretizado um sonho e acabou o dia daquela maneira. Chegámos
seriam umas 11 e meia, ficámos desconfiadas com a porta escancarada e tememos
o pior, quando vimos tudo espalhado. A Luisinha ficou branca como a cal e só
voltou a ganhar cor quando verificou que não tinham levado o dinheiro. Ligou
logo para a guarda. Personagem
D Foi
agora de manhã que o prior me contou do assalto lá p’ra
casa da Lourença. Bom, ela de nome é Luísa Lourenço, mas todos aqui a
conhecemos por Lourença. Ontem à tarde andava por ali perto, a roçar as
silvas e “haveriam” de ser umas sete e picos quando vi ir p‘ra
casa dela um “gabirú” de bicicleta. Estranhei. A
Lourença tinha ido p’ra Lisboa de carro com a
prima. Como “Despois” “nã” ouvi o Pirata ladrar e
entendi qu’ era alguém conhecido. ‘Tou velho, mas sei o que vi e por isso resolvi vir aqui à
guarda. Personagem
E É sempre
a mesma treta. Qualquer roubo nas redondezas e o culpado sou eu. É o azar de
ser apanhado e ter ido 9 meses de cana. Agora, quando desaparecem coisas,
sejam galinhas ou castiçais de prata o culpado é aqui o “je”.
Ando a ver se me endireito, mas a coisa não está fácil. Para roubar a
Lourença é só esperar que saia e ir à lata do café. Trabalhei lá nas obras da
cozinha e, quando ela me pagou, bem vi onde guardava o guito.
Personagem
F Deixa-me
cá respirar fundo para ficar calmo e não levantar suspeitas. Afinal não
consegui roubar o dinheiro. Raio da Lourença! Ou meteu os euros no banco, ou
deu-os a alguém para guardar. Tantas horas perdidas… e nada. Também tinha de
sair dali. Elas já deviam estar de volta. De Lisboa até aqui é um pulinho.
Tanta coisa e só tive prejuízo: o dinheiro que investi nos bilhetes, no osso
e nas luvas. Tanto empenho e planeamento para nada. 3 – Epílogo Carreira
era um sargento novato, mas era da terra. Conhecia pessoalmente os envolvidos
e tinha ideia do que se passara neste caso. Havia uma vítima, testemunhas com
dados importantes − a Lina e o velho Tripeça − e uma luva, com
impressões bem definidas no interior, possivelmente usadas pelo infrator.
Havia também suspeitos, dois mariolas, conhecidos no meio por Tó Pichelingue e Nélson Miolos. Agora estava na altura de a
investigação avançar e de recolher elementos de prova para identificar o
culpado. Tivesse
o Carreira acesso aos “pensamentos íntimos” dos intervenientes acima
registados e tudo seria mais fácil… DESAFIO
AO LEITOR: … E o
leitor, consegue saber “Quem é Quem” e reconstruir o que se poderá ter
passado? |
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©
DANIEL FALCÃO |
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