Blogue: O Local do Crime Data: 5 de Novembro de 2018 Torneio “Solução à
Vista” Provas
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TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA” PROVA Nº 7 IDA AO TEATRO Autor: Bigode Beltrão
apanhara o comboio precisamente à tabela. Sentado
na carruagem, rumo a Lisboa – para ver a revista “Passa por mim no Rossio” – lia
avidamente, um livro policial, no frenesi de descobrir o criminoso. Trazia
debaixo de olho uma bonita e distinta senhora, e não sabia agora onde estaria
sentada. Fez uma pausa na leitura e mirou discretamente em volta à sua
procura. – Ah!
Ei-la ali, de perna traçada – pensou para si próprio. Encontrava-se
outra vez embrenhado no enredo do livro, quando anunciaram a chegada à
estação de Santa Apolónia. Desceu
da carruagem e foi até ao bar, tomar um café retemperador. Saiu, e
porque se estava a aproximar a hora, chamou um táxi que o levou até ao
Politeama. No fim do espetáculo encontrou à saída a dama – esteticista – que
tinha visto no comboio. Companheiros de viagem, trocaram impressões sobre a
revista. – Foi
esplêndido – disse Beltrão. – Sim –
concordou a senhora. E cantarolou, com voz melódica: – Quando
o pano sobe… Respondeu
Beltrão num tom desafinado: –… e o espetáculo começa… Cada um
se fazendo de “surdo” à sua maneira prosseguiram. O cavalheiro achou
conveniente mudar de assunto, e perguntou se a senhora gostava de futebol. –
Detestava futebol senhor… – como é o seu nome? –
Beltrão. – Respondeu. – Maria
– retorquiu a senhora. E continuou: – Mas
desde que este ano assisti à final do Mundial de Futebol de Juniores, entre os
rapazes de Portugal e os do Brasil, em que fomos campeões pela segunda vez,
que me rendi à magia desse desporto. – Que
alegria os putos nos deram – retorquiu Beltrão. Neste
momento dobravam uma esquina, quando, saídos de um vão de escada, dois
delinquentes aparecem a barrarem-lhes o caminho, e a ameaçarem-nos. Maria
assustada deu um berro estridente, e Beltrão aproveitou o momento para
aplicar uns golpes de karatê e neutralizar os assaltantes. Uma patrulha da
polícia estava perto, ao ouvir o grito da senhora e o barulho da escaramuça,
acudiu também. Foram todos para a esquadra. Apresentada a queixa, Beltrão e
Maria seguiram em paz. Novamente
de Táxi viajaram até ao hotel. Fora de horas para jantar, mas com apetite
para a ceia. Degustando
um portuguesíssimo bacalhau à Zé do Pipo, acompanhado com um não menos
português tinto do Cartaxo, chegou-lhes ao ouvido uma conversa na mesa ao
lado. – Amigo,
lhe estou dizendo, seu Ayrton, dobrou, bicampeão de Fórmula 1. – É isso
aí, cara, no sábado. Acabada
a refeição, chegou a hora de Beltrão acender o seu charuto e saboreá-lo,
beberricando o whisky enquanto Maria bebia também o seu. Disfarçava
a perturbação que a mulher loira lhe causava, e que Maria intuiu
naturalmente. Sem assunto uma vez mais, Beltrão indagou à colega sobre
literatura. – Gosta
de ler? Quais os autores preferidos? – Sou fã
como você, de literatura policial, Agatha Christie.
Gosto também de Eça, Tolstoi, Saramago, Érico
Veríssimo, John Dos Passos…. “As Palavras” é agora o meu livro de cabeceira. – Ainda
não ouvi falar – confessou Beltrão. – É do
Nobel deste ano. Perceberam
ao mesmo tempo que bocejavam. Foram-se deitar. O vale dos lençóis recebeu-os
para o merecido descanso. DESAFIO
AO LEITOR: Caros Sherlocks, o problema contém quatro erros de palmatória.
E que tal encontrar quais? |
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DANIEL FALCÃO |
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