Publicação: “Audiência Grande Porto” Data: 10 de Agosto de 2018 Torneio “Solução à
Vista” Provas
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TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA” PROVA Nº 4 CONTAS DESAJUSTADAS Autor: Verbatim Afonso
Sena enquadrou o caso: “Sr. Inspetor, o Carlos Guimarota,
o João Liberto e eu planeámos esta viagem a Nova Iorque com todo o cuidado. Combinámos
as coisas de modo a que o grosso dos gastos acabasse distribuído de maneira
igual pelos três a fim de pouparmos algum dinheiro. Estivemos cinco dias
exatos em Nova Iorque. No
entanto, pouco antes da partida, confrontei-me com uma dificuldade financeira
e pedi, ao João e ao Carlos, um adiamento da minha contribuição para as
despesas comuns. Eles concordaram logo. Quando regressámos, uma vez feitas as
contas em euros, verificámos que o bolo dos gastos comuns atingira 6000
euros, para os quais o João dera 3600 e o Carlos 2400. É como se cada dia em
Nova Iorque nos tivesse custado 1200 euros, tendo o João pago 3 dias e o
Carlos 2 dias. Uma
semana depois do regresso, apressei-me a ressarcir o João e o Carlos do
dinheiro adiantado. As contas eram bem simples. Cabia-me entregar, aos meus
amigos, um terço dos 6000 euros gastos, ou seja 2000 euros. Havia só que
dividir 2000 por 5 partes para dar 3 partes ao João e 2 ao Carlos, a fim de
saldar as contas de acordo com as contribuições de cada um deles para o bolo
comum. Depois de lhes falar no assunto, transferi 1200 euros para o João
Liberto e 800 para o Carlos Guimarota. Corria
tudo bem até que, há uma semana, apareceu o João no ginásio a dizer que o
Carlos só tinha que receber 400 euros, enquanto ele tinha direito a 1600.
Achámos que estava a brincar. Ele, porém, insistiu, com ar sério. O Carlos,
visto estarem ali pessoas conhecidas, limitou-se a dizer-lhe para ir dar uma
volta. Eu, pelo meu lado, pedi também ao João para não se armar em tolo. Ele,
porém, não desarmou, acabando o Carlos encostado ao João aos gritos, a dizer
que não admitia que se pensasse que ele pudesse querer ficar com o dinheiro
de alguém, acrescentando que se havia ali um gatuno só poderia ser ele João.
Foi quando este escorregou e caiu estatelado no pavimento de mosaicos. Sei
que está com um traumatismo craniano mas, felizmente, sem correr perigo de
vida. Quando puder falar connosco talvez consiga explicar por que motivo nos
quis irritar. Há umas outras contas, relativas a namoradas, que eles jamais
acertaram, Terá sido por causa disso que o Liberto veio com esta provocação
sem pés nem cabeça? Não sei.” Carlos Guimarota confirmou o depoimento de Afonso Sena, listando
ainda visitas feitas em Nova Iorque e até em Washington, onde foram no
terceiro dia. Mostrou comprovativos das diversas despesas. Anotou que em
Washington avistaram uma antiga namorada dos dois, inserida num grupo
brasileiro. Confessou que “De facto, perdi a cabeça com a estúpida
brincadeira do João, mas não o empurrei. Estava disposto a dar-lhe uma
cabeçada, mas nada mais do que isso. Não lhe desejo mal algum, mas exijo que
retire as insinuações de que quis ficar indevidamente com o dinheiro dele”. O
Inspetor estagiário Timóteo Silva obteve as declarações anteriores na sequência
de uma queixa, apresentada pela família de João Liberto, contra Carlos Guimarota, acusando este de ter agredido e difamado
aquele seu familiar. Entretanto,
João Liberto recuperou, não desmentiu os depoimentos dos amigos, afirmou
ter-se sentido ameaçado, para além de difamado, mas não propriamente
agredido. Explicou também as contas que fez. A partir
do que ouviu, o Inspetor estagiário concluiu que este caso talvez pudesse ser
resolvido através de uma conciliação. Falou com o chefe, o velho Flávio Alves,
que concordou com a proposta do seu subordinado. Timóteo
Silva saiu-se muito bem da sua incumbência conciliatória. Flávio Alves
comentou o feliz acontecimento com o seguinte comentário: “Eles não voltarão
a ser amigos como dantes mas, pelo menos, não farão guerra entre si”. DESAFIO
AO LEITOR: Diga,
caro leitor, como se explicaria na reunião de conciliação para fazer cair a
queixa apresentada assim como para obter a compreensão e a paz entre Afonso
Sena, João Liberto e Carlos Guimarota. Pedimos que
o faça através de relatório circunstanciado. |
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DANIEL FALCÃO |
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