| Publicação: “Público” Data: 9 de Junho de 2013 Campeonato Nacional 2013 Taça de Portugal 2013 Provas 
 | CAMPEONATO
  NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2013 PROVA Nº 5 (PARTE II) CUCURRU!… Autor: Pa Pu Sheio Então, agora é que são horas de vires almoçar? Estive em casa do padrinho a vê-lo tratar dos
  pombos e a aprender coisas sobre columbofilia.  Ora, os pombos…são ratos com asas que andam por aí
  e ainda lhes dão de comer. Oh, pai! Isso foi conversa do Woody Allen no filme Memórias em relação aos pombos da cidade,
  mas os pombos do padrinho são pombos-correio.  E que diferença é que isso faz? Faz toda a diferença. Os pombos-correio não andam
  por aí à solta. São criados pelos columbófilos com todos os cuidados de
  higiene para os manterem com saúde. Por isso, são desparasitados e vacinados,
  como outros animais domésticos. Além disso, têm o sentido de orientação muito
  mais desenvolvido e são muito mais atléticos e elegantes do que os “vulgariços”, pois foram seleccionados
  pelo homem para a competição. Com saúde e bem treinados, os pombos-correio de
  algumas linhas genéticas são capazes de voar para o seu pombal de locais a
  mais de 900 km de distância, num só dia, a velocidades superiores a 65
  km/h.   Mas só servem para entreter columbófilos. Não é bem assim. O pombo-correio tem prestado
  valiosos serviços, como aconteceu na II Guerra Mundial. Alguns pombos-correio
  foram considerados autênticos heróis pela importância das mensagens que
  levaram ao seu destino, voando sobre as forças inimigas. Ainda há pouco tempo
  veio no jornal a notícia de que, em Inglaterra, quando estavam a limpar a
  chaminé de uma casa, encontraram o esqueleto de um
  pombo-correio morto em serviço na II Guerra Mundial. O bichinho ainda tinha
  com ele o invólucro com a mensagem que transportava escrita num papel
  semelhante a uma mortalha de tabaco. O padrinho diz que quando esteve na
  tropa ainda havia um pombal militar no Regimento de Transmissões. Em
  Portugal, há até a chamada Lei de Protecção ao
  Pombo-Correio que lhe atribui o estatuto de interesse público.  Ah, ele disse isso? Também me disse que me dava um casal de borrachos,
  se o pai me fizesse um pombal no quintal. É melhor não pensares nisso. Oh, pai! Eu gostei tanto daquele casal de
  pombinhos, com uma pena de cor lilás, tão aveludada, eram tão bonitinhos!  Já disse que não! Mas, oh pai, aqueles borrachinhos podem vir a ser
  grandes campeões. O padrinho disse-me que são filhos do seu melhor casal de
  azuis, os seus filhos têm tão elevada qualidade que ele até lhe chama o seu
  casal de ouro. E, já vê, um casal de borrachos filhos de campeões, em
  Portugal, já pode custar mais de 1000 euros.     O teu padrinho é um grande campeão e sabe muito de
  columbofilia, mas às vezes exagera.  Ah, pois! E o que é que o pai sabe disso? O suficiente para te dizer que nem tudo é como ele
  te disse. Oh, pai! Não me diga que:
   A – não existiram pombais militares e que o
  pombo-correio não prestou  grandes serviços durante a II Guerra Mundial; B – os pombos-correios não podem fazer uma média de mais
  de 65 km à hora, numa prova de 900 km;  C – não há casais de pombos-correio que, em Portugal,
  podem atingir o preço de mais de mil euros; D – os borrachos que o padrinho disse que me dava não
  são filhos do seu casal de ouro! Ah, isso não sei. Em vez de estudares, passas
  tanto tempo ao computador, procura na net, que logo descobres. Está bem, “kota”…   | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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  DANIEL FALCÃO |  | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||