Publicação: “Público” Data: 3 de Março de 2013 Campeonato Nacional 2013 Taça de Portugal 2013 Provas
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CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2013 PROVA Nº 2 (PARTE I) UM CASO DE ESPIONAGEM? Autor: Rubro Pálido O general Arménio Teixeira estava uma fera. A cólera era tanta que o
rosto estava vermelho que nem um tomate e os olhos brilhantes pareciam
chispar. Afinal o que se tinha passado para que o chefe dos serviços secretos
estivesse naquele estado de irritação. Havia chegado pela manhã ao seu
gabinete e dirigira-se ao grande cofre de aço onde eram guardados os
documentos secretos que estavam em análise. Na véspera, antes de sair,
tinha-os colocado no cofre e agora não estavam lá. O desaparecimento dos documentos punha em perigo a segurança nacional,
mas pior do que isso punha em perigo aquele tacho que lhe rendia cerca de
15.000,00 euros mensais. Por essa razão queria manter em segredo o
desaparecimento dos documentos, mas como conseguir isso. Pensando numa
solução o general andava no seu gabinete de um lado para o outro, rogando
pragas, parecia uma fera enjaulada. Andando neste vai e vem lembrou-se do seu amigo o coronel Faria de
Freitas director da Polícia Judiciária Militar. Ele podia ajuda-lo a
descalçar aquela bota e como lhe devia uns favores até investigaria o caso
sem deixar que nada do acontecido saísse lá para fora. E se bem o lembrou
melhor o fez, dirigiu-se ao telefone e ligou para o coronel que se
prontificou a ir falar com ele. Cerca de uma hora mais tarde o coronel Faria de Freitas era recebido
na sede dos serviços secretos portugueses pelo chefe destes Arménio Teixeira
que pôs o seu amigo ao corrente daquilo que desejava. Quando terminou Faria
de Freitas perguntou: Quem possui a chave do cofre e quem conhece o código de segurança. A chave só eu a tenho quanto ao código de segurança para além de mim
há três outros oficiais que o conhecem só que, enquanto eu o conheço
totalmente, eles só conhecem duas letras cada um. Em todo o caso sem a chave
eles não podem abrir o cofre. E ontem não deixaste a chave abandonada em qualquer lado? Insistiu
Faria de Freitas. Impossível, sempre a trago ao pescoço num cordão de ouro, só a tiro à
noite quando me deito e deixo-a debaixo do travesseiro. Então quem são os oficiais que conhecem letras do código de segurança
do cofre? O tenente-coronel Alvarenga, o major Braz e o capitão Torquato. Manda-os chamar por favor. O primeiro a chegar foi o tenente-coronel Alvarenga. Faria de Freitas
sem mais delongas dirigiu-se a ele e perguntou-lhe quase em jeito de
afirmação: Coronel o senhor ontem à noite ou hoje de manhã abriu o cofre do
gabinete do general Arménio Teixeira. Eu!?... Não estão bons da cabeça, respondeu Alvarenga de modo
colérico. Como ia eu abrir o cofre se não tenho a chave, além disso só
conheço duas das letras do código de segurança. Bem pode-se retirar, se
precisarmos de si voltaremos a chamar. Poucos minutos depois, cantarolando, entrou o Major Braz. Então o que
há? Mandaram-me chamar, precisam de um parceiro para a sueca? Ou será para a
lepra? Deixe-se de brincadeiras, ordenou o coronel Faria de Freitas, e
repetiu nos mesmos termos a pergunta que havia feito a Alvarenga. O quê? Arrombaram o cofre do general? Ah! Ah! Ah! Devia ter sido
alguém muito forte ou então usaram uma bazuca! Exclamou o major e continuou a
rir. Deixe-se de risotas, ordenou Faria de Freitas já irritado com a boa
disposição do Major. Não foi arrombado nem usaram bazuca, foi aberto com a
própria chave. Com a própria chave! Exclamou o Major, não pode ser. O General não
passava aquela chave nem para as mãos do avô e muito menos para as minhas
pelo que eu não podia abrir o cofre por não ter a chave e por necessitar de
alguns outros elemento. Dito isto voltou a soltar nova e estridente
gargalhada. Saia imediatamente! Ordenou o Coronel em tom colérico, saia antes que
o mande prender. O Major dirigiu-se para a porta, mas não deixou de retrucar. Preso!
Seria engraçado! E saiu imediatamente antes que a ameaça fosse cumprida. O General Arménio Teixeira e o diretor da PJM ficaram conversando
enquanto esperavam a chegada do Capitão Torquato mas passados 30 minutos
cansados de esperar abriram a porta e perguntaram pelo Capitão ao funcionário
que trabalhava na sala ao lado. Este depois de consultar umas fixas
respondeu: O Capitão não veio hoje. O Coronel voltou ao gabinete do General dizendo: Pronto já temos o
nosso culpado, não veio hoje e certamente não virá nunca mais, fugiu. Vou já
fazer a participação e sentou-se à secretária e iniciou o preenchimento do
imprenso próprio para esse efeito. Tão entretido o Coronel estava naquela
tarefa que nem deu pela entrada de um sargento na sala, que veio entregar uma
pasta de couro ao general dizendo-lhe que ele a tinha deixado na tarde
anterior sobre uma secretária num outro gabinete. O General agradeceu e sorrateiramente foi meter a pasta numa gaveta da
sua mesa de trabalho. Em seguida foi até junto do Coronel Faria de
Freitas dizendo: Deixa isso que eu faço a participação. Vamos até à
cantina beber um Whisky. Será que os nossos detectives nos contam pormenorizadamente o que ali
se passou? |
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©
DANIEL FALCÃO |
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