Publicação: “Público”

Data: 21 de Julho de 2013

 

 

Campeonato Nacional 2013

Taça de Portugal 2013

 

Provas

 

 

Parte I

1

Parte II

 

 

Parte I

2

Parte II

 

 

Parte I

3

Parte II

 

 

Parte I

4

Parte II

 

 

Parte I

5

Parte II

 

 

Parte I

6

Parte II

 

 

Parte I

7

Parte II

 

 

Parte I

8

Parte II

 

 

Parte I

9

Parte II

 

 

Parte I

10

Parte II

 

 

 

 

 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2013

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 5 (PARTE I)

 

A ODISSEIA DE ÁLVARO DOMINGUES

Autor: Paulo

 

A primeira fase da solução consiste em situar no tempo a suposta travessia de África. Para se conseguir essa localização temporal é necessário ter em conta o diálogo entre os dois personagens do texto.

A época do ano em que decorre o diálogo é o chamado "Domingo de Carnaval" ou "Domingo Gordo" do ano de 1970.

Como se pode chegar a essa conclusão?

Considerando:

a) A referência às brincadeiras de Carnaval e ao facto de ser Domingo.

b) A indicação de um mês de Maio muito agitado, em Paris, dois anos antes. Trata-se de uma alusão óbvia ao movimento que ficou conhecido como Maio de 68.

c) A referência ao incidente ocorrido na universidade de Coimbra, no ano anterior e que sucedeu em 17 de Abril de1969.

O passo seguinte consiste em localizar o ano em que presumivelmente foi escrita a carta. 100 anos antes. Estamos então em 1870.

Falta referenciar quais os aspectos existentes no texto da carta que levam à conclusão que esta não poderia ter sido escrita nessa data, mas muitos anos mais tarde, sendo portanto um documento forjado.

1º - A menção a Fátima.

O culto religioso no local surgiu apenas depois de 1917. Impossível portanto de ser referenciado numa carta escrita em 1870.

2º - A alusão à observação dos sete planetas.

À data em que se pretende ter sido escrita a missiva, eram conhecidos sete planetas. Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno, tendo este último sido localizado em 1846. Até aqui nada de estranho. A questão põe-se no facto de Neptuno não ser observável a olho nu. Urano embora no limite da possibilidade de observação sem aparelhos ópticos, pode considerar-se que poderia ser observado a olho nu, dado que não se sabe se o presumível autor da carta teria ou não problemas de visão.

Como o explorador ficou apenas com uma arma, a roupa e um caderno, não teria qualquer luneta ou telescópio que lhe permitisse observar Neptuno.

Portanto, quem escreveu a carta não poderia ter feito o que está descrito.

3º - Na carta há uma palavra que à data não existia. Trata-se da palavra boicote. Esta palavra teve origem no nome do irlandês Boycott e foi introduzida na linguagem falada e escrita ao longo do século XX, mais propriamente durante o conflito italo-abexim (1935-36).

Trata-se de mais um impedimento para que o texto tivesse sido escrito em 1870.

Pode-se então concluir que o documento é falso, tendo sido escrito alguns anos após 1870.

Quanto ao facto de os planetas serem ou não serem visíveis no hemisfério Sul durante o período da viagem, Eugénio, nos extractos da carta que copiou, não fornece elementos suficientes para o sabermos. Apenas poderíamos localizar a viagem entre 1860 e 1870, dado que a única informação fornecida aponta para a partida de Portugal em 1860, o que não chega para analisar a situação nessa perspectiva.

Para finalizar quero indicar qual foi a bibliografia que consultei para escrever resolver o problema. Obviamente que existem muito mais locais onde as respostas poderão ser consultadas, mas as fontes que eu utilizei foram estas. Não é necessário consultá-las todas para se responder correctamente ao problema, bastando uma ou duas. A variedade serviu apenas para confirmação das informações:

 

História de Portugal, direcção de José Matoso, do Círculo de Leitores;

História de Portugal em Datas, coordenação de António Simões Rodrigues, de Temas e Debates;

Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Selecções, de Selecções do Reader's Digest;

Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, da Verbo;

Guia Prático de Astronomia, de Jean Lacroux e Denis Berthier, da Gradiva;

Diciopédia 2000, da Porto Editora;

Enciclopédia Universal Multimédia, da Texto Editora.

 

 Em alternativa, basta apenas uma boa enciclopédia e alguma cultura geral.

© DANIEL FALCÃO