PÚBLICO – POLICIÁRIO Publicação: “Público” Coordenação: Luís Pessoa Data: 12 de Fevereiro de 2012 |
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Campeonato Nacional 2012 Taça de Portugal 2012 Prova 1: Tradicional +
Múltipla Prova 2: Tradicional +
Múltipla Prova 3: Tradicional +
Múltipla Prova 4: Tradicional +
Múltipla Prova 5: Tradicional +
Múltipla Prova 6: Tradicional +
Múltipla Prova 7: Tradicional +
Múltipla Prova 8: Tradicional +
Múltipla Prova 9: Tradicional +
Múltipla Prova 10: Tradicional +
Múltipla |
CAMPEONATO NACIONAL 2012 TAÇA DE PORTUGAL 2012 PROVA Nº 1
(RESPOSTA MÚLTIPLA) A AGRESSÃO
DA CÉU Autor:
General Inverno A cidade transpirava de uma vaga de calor que a invadia há já alguns dias. Muito embora estivéssemos no mês das trovoadas, como o povo gostava de lhe chamar, não era muito usual que houvesse tanto calor abrasador, como estava a acontecer. A passarada andava de bico aberto e por todo o lado, onde havia um ponto de água, a concentração de vida era grande, disputando a frescura de cada gota. O Carlos tinha acabado de chegar ao café e saudou os presentes, pedindo “uma fresquinha”, aguardando pela chegada da cerveja bem gelada. Enquanto bebia, foi comentando e desafiando os presentes: – Já viram o que aconteceu à Céu? Vejam só como foi possível, uma senhora tão pacata e simpática, ser agredida daquela maneira, por uns quantos euros… Perante o silêncio dos presentes, continuou: – Os filhos já lhe tinham dito uma data de vezes para não abrir a porta a qualquer um que tocasse à campainha, mas o que se há-de fazer? Esta gente com uns anitos ainda está no tempo em que as portas podiam ficar abertas que nada acontecia… – Ó senhor Carlos, mas quem é que nos diz que foi alguém estranho, algum pedinte ou assim? – perguntou o Zé Tasqueiro. – Ora, ora, senhor Zé, era só o que faltava que tivesse sido alguém cá do bairro! Nunca cá aconteceu nada assim… – ripostou o Carlos. – Há sempre uma primeira vez para tudo. E aqui para nós, o filho mais velho da Céu não parece ser boa rês. Eu desconfio dele, é mau como as cobras… – Lá está você! Como ele não vem cá ao seu café, é logo um bandido de primeira! Ora abóbora, então o homem ia dar cabo da própria mãe, para quê? – insurgiu-se Carlos. – Que diabo, mãe é mãe! – Pois, pois, mas eu nestas coisas nunca me costumo enganar… – Olha, olha, aqui o senhor Zé agora parece que é bruxo! Só nos faltava mais essa… – Eu conheço a casa da Céu, já lá estive muitas vezes e sei que a porta do quarto dela fica mesmo em frente da porta da entrada, ao fundo do corredor. Ela escolheu aquele quarto para entrar o sol pela janela, assim que nasce. Assim, diz ela, levanta-se logo com os primeiros raios que se projectam pelo corredor assim que abre a porta do quarto… – começou o Zé. – Está bem, está bem, mas o que é que isso interessa para a agressão? – Pronto, pronto, estava a divagar, porque a agressão foi às seis da tarde e o sol não é para aqui chamado, mas pronto. – Pronto, o quê? Diga lá o que quer dizer e deixe-se de lérias… – A Céu é uma mulher muito recatada e não ia abrir assim a porta a qualquer um… – Ó senhor Zé, mas quem é que lhe disse que ela abriu a porta a alguém? Não se sabe… – Aí é que o senhor Carlos se engana! O Teodorico viu-a à conversa com um homem, à porta de casa! – Um homem, que homem? – Não conseguiu ver, à noite era difícil identificar quem lá estava, mas ele viu a Céu à conversa com um homem à porta de casa! Ele ia a passar e olhou para lá e viu. Mas como estava com pressa não parou nem se interessou muito por isso. – Podia ser um filho, não? – Podia, pois. E sabe que mais, eu acho que era mesmo o filho mais velho, sem tirar nem pôr. Acho-o mesmo bera e capaz de tudo, até de dar uma tareia à mãe e deixá-la mal… – Lá está você! O homem não vem ao seu café e é logo o pior dos bichos. Livra, por isso é que eu venho cá… – Ó senhor Carlos, acredite que eu não tenho nada contra o filho, quero dizer, nada de palpável, queixas, entende? Mas o tipo é má rês, só lhe pede dinheiro e mais dinheiro e só anda em volta da mulher quando ela recebe a pensão! Bolas, aquilo é um tipo do piorio. Para mim foi ele que lhe quis sacar mais algum e como ela não tinha ou não queria dar-lhe, deu cabo dela. Só pode ser isso! – Eu acho que o senhor Zé sabe demais! Ai sabe, sabe! – O que é que quer insinuar, que fui eu, não? Acha que fui eu? Para quê, diga-me? Se calhar para lhe roubar a pensão do defunto, não? – Ora, senhor Zé, ela ainda é muito apetecível e a gente vê bem os olhares que você lhe deita quando ela aqui vem… E conhece a casa dela, por dentro e por fora… Ó senhor Zé, se calhar… Não acredito que lhe quisesse fazer mal, mas pode ter acontecido uma confusão, qualquer coisa assim… – O quê? Ó senhor Carlos, o senhor ofende-me! Nunca seria capaz de fazer mal a uma mulher e muito menos à Céu! Credo, que coisa! – Desculpe lá, mas eu não sei nada, só estou a falar porque o senhor parece saber mais do que toda a gente. – O Teodorico viu esse homem e se fosse eu ele dizia logo, não? Ele conhece-me muito bem e acusava-me logo, não? Mas o que estou eu para aqui a dizer? Estou a justificar-me de uma coisa que não fiz, era só que me faltava! – Ande lá, senhor Zé, encha cá os copos e beba também uma fresquinha, que está a precisar, vá que eu pago! Mas que o senhor anda babadinho pela Céu, isso é certinho! – Lá está o senhor… – Vá, vá, deixe lá que a polícia vai descobrir quem fez aquilo à viúva apetecível e depois vamos saber! Uma coisa sei, e essa coisa é que eu não fui! Estava a dezenas de quilómetros de cá, que isto de ser viajante é assim mesmo… Queremos saber quem terá dado indícios de ter sido o agressor: A – O Carlos B – O Zé
Tasqueiro C – O
Teodorico D – O filho
mais velho da Céu |
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© DANIEL FALCÃO |