PÚBLICO – POLICIÁRIO

 

Publicação: “Público”

Coordenação: Luís Pessoa

 

Data: 1 de Abril de 2012

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Campeonato Nacional 2012

Taça de Portugal 2012

 

Regulamentos

 

Prova 1: Tradicional + Múltipla

Prova 2: Tradicional + Múltipla

Prova 3: Tradicional + Múltipla

Prova 4: Tradicional + Múltipla

Prova 5: Tradicional + Múltipla

Prova 6: Tradicional + Múltipla

Prova 7: Tradicional + Múltipla

Prova 8: Tradicional + Múltipla

Prova 9: Tradicional + Múltipla

Prova 10: Tradicional + Múltipla

 

Resultados

 

 

CAMPEONATO NACIONAL 2012

TAÇA DE PORTUGAL 2012

 

PROVA Nº 3 (TRADICIONAL)

 

A MORTE DO GENERAL

Autor: Paulo

 

Em 1940 o general Ivo Pais vivia com os sobrinhos órfãos, estudantes em Coimbra, ajudado por Eva, a empregada que os criara, e Luís, o motorista que o militar reformado recentemente contratara.

Os jovens colocavam-se de forma diversa face à guerra, em desavença que já levara a conflito físico. Viviam juntos mas mal se falavam. Caio era um defensor do apoio do país aos nazis. Cid achava que se deveria apoiar o lado inglês, contando com o avô, que por via dessa posição sofria perseguição política, tendo já sido ameaçado de morte.

A casa do general ficava numa quinta, cercada por um muro baixo de pedra. Do lado esquerdo o terreno para a horta. Do lado direito a garagem e a arrecadação. Nas traseiras o terreno para relva e árvores, que no domingo trágico esperava a plantação de grama, após ter sido arado no sábado, o que permitiu aferir os rastos deixados por quem cometera o crime. Caio estava na arrecadação com o seu passatempo de radioamador. Disse que ouvira o tiro cerca das onze e meia. Vira um desconhecido correr de arma na mão nas traseiras da casa. Correra atrás do homem, que saltou o muro. Quando lá chegou ele tinha sumido no pinhal que se abria a perder de vista.

Voltara para a casa, notara a janela do escritório aberta e vira o tio com a cabeça em sangue. Saltara o peitoril e alertara o irmão. Não mexera em nada, pois pelo aspecto da cara do tio percebera que morrera. Não deixara ninguém entrar no escritório até chegarem as autoridades, a quem ele ligara do telefone da casa.

Cid, que ouvia mal, saíra a passear, como era hábito, cerca das dez horas. Voltara por volta das onze e um quarto. Estava no quarto a ouvir rádio. Disse que provavelmente ouvira o tiro mas não recordava o ruído, misturado com o programa que ouvia sempre. Soube o que se passara pelo irmão. Não se aproximara do escritório nem da janela, por ordem do irmão, até as autoridades chegarem.

Eva saíra antes das dez. Tinha ido à missa. Na hora em que fora disparado o tiro regressava a casa. Solteira, tinha um filho, que diziam ser do general, com quem vivia perto da quinta do patrão. O filho, conhecido por posições antifascistas, discutira no sábado com o general que o ameaçara com a prisão.

Luís estava de folga. Acabara o serviço no sábado à noite quando fora buscar os irmãos ao comboio. Era mais do que um motorista. Fora contratado pelo general não só para o conduzir mas para guarda-costas. Por vezes andava com a arma do general. Vivia só e não tinha álibi.

O general estava no escritório – onde não suportava ser importunado – no chão coberto de fofos tapetes, a cerca de dois metros da janela, na direcção da porta, única do compartimento, que dava acesso ao resto da casa. À direita havia uma secretária com um cadeirão, perto da janela, e na parede atrás, um quadro com uma cena rural. Ainda do lado direito um sofá, ao lado do corpo, mais junto da porta que ficava em frente à janela. À esquerda uma mesa baixa e estantes cobrindo a parede. No chão, pegadas de Caio marcadas com terra.

Uma poça de sangue isolada afagava a face do general. O projéctil entrara na base da nuca, causando morte imediata, deixando uma ferida de forma estrelada e alguns cabelos queimados, e saíra entre os olhos, subindo suavemente. A cápsula do projéctil estava no quintal, junto à janela. A bala mortal estava à frente da secretária. Pertencia à arma encontrada do lado de fora do muro, oculta num buraco da parede, mal tapado com uma pedra. A arma era do general e tinha quatro projécteis no carregador e um na câmara. Tinha as impressões digitais de Luís que afirmara não se lembrar quantas balas tinha o carregador, sabendo no entanto que não estava cheio por questões de segurança.

As pegadas não mostravam indícios de salto da casa para o quintal, sendo visíveis as marcas de Caio ao entrar pela janela. Havia uma série de Caio desde a zona lateral, rente à casa, até à janela, com a marca do tacão a evidenciar-se. Junto à janela viravam para o muro das traseiras e voltavam à janela mantendo as mesmas características. Outra série de pegadas com todo o pé homogeneamente visível vinha do muro à janela e regressava. As botas que fizeram essas marcas foram encontradas no pinhal, juntamente com umas luvas, a cerca de 300 metros do muro. Mais tarde, quem matou, confessou que as usara.

O testamento fazia herdeiros os sobrinhos e Eva, mas antes da morte já todos sabiam o que os esperava.

Perante estes factos, pede-se que façam um relatório que permita identificar quem cometeu o crime.

 

SOLUÇÃO

 

 

© DANIEL FALCÃO