INTRÓITO

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AI MADRINHA…

Detective Jeremias

Ai madrinha inté hoje…

inté hoje…

ficava descrossoada por vossemecê comer nunca a 'nha broa de milho…

inté p'racia que vossemecê queria mangar comigo…

broa loirinha a sair da boca do forno…

quentinha… quentinha…

quente qu' inté nos queimava a cabeça dos dedos…

e o che'rinho

che'rinho de crescer áuga na boca…

 

ai madrinha

ai madrinha, hoje q'ando malevantei `tava um frio de rachar…

saí `inda o sol tinha nascido…

o gelo das poças p'racia uma vidraça pronta p'ros cachopos aos pinotes a p'ratiram cas botas cardadas 'inté ficarem incharcados

q'me valeu foi o calor do forno…

foi q'ando 'tava a prantar à lenha q' eu m'alembrei da cachaporrada q` aviou o tigrado.

 

ai madrinha…

maldito padrinho… maldito seja…

inté lh'apredoei ter-me desonrado q'ando “inda era criança,

inté lh'apredoei o mau vinho e as bubadêras de caixão à cova…

inté lh'apredoei nos encher de porrada q'ando `tava de maus fígados….

mas o tigrado… o tigrado…

ai madrinha foi por mor disso q'eu me quedei arregalada q'ando vi o padrinho alambazar-se cum a broa de milho 'cabadinha de cozer…

quentinha qu' inté queimava a cabeça dos dedos…

ai madrinha

osdespois foi vê-lo caído a escumar p'la boca… por mor do pó dos ratos q'eu misturei na farinha…

 

o padrinho aviou o gato e eu aviei o padrinho

ai madrinha…

 

MORAL DA HISTÓRIA

Quando é de morte o mal, não há médico para curar tal.

 

Fontes:

Blogue Repórter de Ocasião, 13 de Abril de 2025

Borda D’Água do Conto Curto, Edições Fora da Lei, Ano de 2018

 

© DANIEL FALCÃO