INTRÓITO

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UMA HISTÓRIA INACREDITÁVEL

A. Raposo

John voltou-se para o pai e perguntou-lhe:

− Gostava de escrever uma short-story e o pai acabou de me atirar com o computador ao chão, agora com o único dedo da mão direita sobrevivente não posso pegar numa caneta…

− Meu filho, − disse o pai − Hoje tive um dia mau. Desculpa lá, quanto formos à cidade, mete-se uma prótese e acabou-se. Mas tens de compreender que eu preciso de ser firme contigo e de te dar uma educação… Cortei-te os dedos, certo, mas não foi com má intenção. Já dizia Zaratrusta, a intenção é que conta.

− Claro, mas no mês passado, quando estávamos a atar a mãe aos railes do comboio, o pai não foi nada meigo, que me partiu com um pontapé de bota ferrada uma costela.

− Foi o stress pós traumático. A tua mãe, teimosa, não deixava a gente amarrá-la de forma adequada. Já lá dizia, Isaías no livro dos Salmos, Deus manda fazer tudo de acordo com a perfeição. O que vale é que o comboio atrasou e a tua mãe acabou por desmaiar.

− Desmaiou porque eu lhe dei com a chave inglesa na cabeça.

− Conta-me dessas! Foste muito espertinho, saíste ao pai, graças a Deus.

− Já lá dizia o Padre António Vieira no seu célebre sermão: o peixe fora de água não sabe nadar.

− Se há coisa que me irrita é começares a imitar-me com as citações. Aqui só eu cito. Ponto.

− Tá bem pai. Mas acontece que não há duas sem três e rebéubéu pardais ao ninho.

− Não me faças perder a paciência. E depois não te queixes das consequências, vai lá dentro à cozinha ver se a tua avó já está cozida. Já estou com uma fomeca!

− Caramba, pai. Ainda ontem comemos a vizinha de fricassé, hoje ao pequeno-almoço foram as perninhas com pão e manteiga. Já lá dizia Salazar: Produzir e poupar, manda Salazar.

 

Nada pior que uma história de terror

Citando A. Raposo

 

MORAL DA HISTÓRIA

Quem sai aos seus não degenera.

 

Fontes:

Blogue Repórter de Ocasião, 27 de Abril de 2025

Borda D’Água do Conto Curto, Edições Fora da Lei, Ano de 2018

 

© DANIEL FALCÃO