INTRÓITO

ANO NOVO, VIDA NOVA | Detective Jeremias

AI MADRINHA… | Detective Jeremias

UMA ANDORINHA NÃO FAZ A PRIMAVERA | A. Raposo

HISTÓRIA DA FAMÍLIA ALCOFORADO | A. Raposo

UMA QUESTÃO DE NOME | Detective Jeremias

UMA HISTÓRIA INACREDITÁVEL | A. Raposo

ALICE JÁ NÃO MORA AQUI | Detective Jeremias

O GANG DOS SEIS | A. Raposo

CINEGÉTICA | Detective Jeremias

COMO “HENRIQUE SER” ATRAVÉS DA ESCRITA | A. Raposo

NOVEMBRO SANGRENTO | Detective Jeremias

O MENINO JESUS DE ALVALADE | A. Raposo

 

BORDA D'ÁGUA DO CONTO CURTO - 2019

 

O MENINO JESUS DE ALVALADE

(obra escrita em papiro, encontrada numa escavação, quando das obras do Estádio de Alvalade, em Lisboa)

A. Raposo

Andava Jesus a vender pomadas para os calos, banha de cobra com penicilina, e frascos de tintura de permanganato de potássio, no seu burrito chamado “Jacó”, na cidade de Jerusalém (nome derivado de Jesusaqui pelos romanos), quando um meteorito caído do céu, abriu profunda cova na estrada que levava a Babilónia, cidade onde Jesus pensava passar a noite com a sua Maria, mais conhecida por Maria Madalena, rameira, segundo as más-línguas da época e profissional do sexo, segundo o novo código profissional.

Maria Madalena que estava grávida de 10 meses e com um barrigão deste tamanho, quase a parir, gritou alto e bom som na estrada deserta:

“Valha-me Deus!” Ninguém acudiu…

Jesus, conduzia burro mas nada levava a concluir que o fosse também, achou que aquela frase da Maria, gritada no meio do deserto, trazia água no bico.

Constava que Maria Madalena tivera um passado que bem vistas as coisas não estaria muito longe daquilo que podemos falar mas não passar ao papel.

Jesus sabia e perdoou-a.

E a pergunta punha-se: porquê Jesus, sabendo tudo, adivinhava trovoadas melhor que qualquer serviço meteorológico, carregava com o fardo de ser considerado uma coisa muito feia já mesmo para aquela época.

Jesus, aborrecido com os acontecimentos que estavam a impedir a sua ida para a cidade que programara, resolveu inverter a marcha e veio numa longa viagem, atravessou mares e desertos, sempre de burro, porque ainda não se inventara o avião, e acabou, num dia de primavera a chegar à feira da Luz, em Benfica, onde vendeu as bugigangas que trazia a bom preço. Foi comer uns coiratos e uma gasosa, numa roulotte ali perto do Estádio da Luz, porque naquele dia havia bola. Maria comeu uma isca com elas e um branquinho gelado. Entretanto chegou-lhe as dores de parto e vieram pela Av. da República a galope, até à Maternidade Alfredo da Costa onde a Maria Madalena deu à luz um bonito rapaz, com uma coroa de espinhos na cabeça. Era a cara chapada do pai ainda por cima com a coroa de espinhos que acabou causando uma vaginite a Maria. Deram o nome ao puto de “Jesus de Alvalade”.

Alguns anos depois a história veio provar que o parto deixou sequelas, também ao menino que acabou a treinar clubes de futebol.

Este foi o terceiro segredo de Fátima, o último a ser desvendado.

Eu seja ceguinho se esta não é a verdadeira história. E já estou a ver pior.

 

MORAL DA HISTÓRIA

Este mundo é uma bola; quem anda nela é que se amola.

 

Fontes:

Blogue Repórter de Ocasião, 18 de Maio de 2025

Borda D’Água do Conto Curto, Edições Fora da Lei, Ano de 2018

 

© DANIEL FALCÃO