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ASSALTO NUMA NOITE DE JULHO | Ma(r)ta Hari

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BORDA D'ÁGUA DO CONTO CURTO - 2018

BORDA D'ÁGUA DO CONTO CURTO - 2019

 

 

AEROPUERO

Abrótea

HORA, 23.30: Esperava sentado, como queriam que estivesse, a minha esposa e o filhote. Nisto uma enorme confusão, manifestação ou lá o qu ‘era aquilo…, apenas ouvi os “surrurus”:

Yes mi me se hablar Trampa, tipo aquela cena do James, mas para o pior. Jamies, Trampa ou outra porcaria qualquer, não parava de dizer asneirolas… e decidi: bem este gajo fica com o apelido A. BUNDA. Para mim ficou Trampa A. Bunda, e eis que repentissimamente, mais rápido que o pensamento, parece outro, eu já chateado, mas não por causa de “chatear”, apenas o voo vindo direto do Brazil estava mais que atrasado; esta figura lembrou-me um Pinóquium… quando eu era pequenino gostava de ver, o Pinóquio, a Alice, o Coelhinho, e até o Bugs Bunny, mas o personagem que eu mais gostava era o Pateta.

Escudê moi-me, se vou play, me s’apele Antoine, mais, três important, mona mi, ici me convidou para um almoçar, vamos ver como me vou arranjar, mais oi… apenas me esqueci dos trocadilho, me escuse, dos trocos ou dos euro.

Mais uma corrida, mais um tirinho, nova viagem, nova corrida, só mais uma moedinha para esta pobre velhinha. Esta era a cantilena desde uma hora atrás, estava a ficar farto, e também de ver tantos galos fardados com pintas de todas as cores. Eu apenas estava ali como quase de férias, quase, apenas faltava o quase. Nem conseguia furar aquela multidão, nem “atiro”, a velhota sempre do final ao princípio das chegadas, e do princípio para o final das mesmas, essa desenrascava-se. A sede apertava e o voo continuava atrasado, arrisquei e fui a um cofee bar, é por isso que se chama de aEURO, e foi por isso que desembolsei “3 aereos” por uma puta de uma imperial, que nem sequer a provei e, vinha com um bigode maior que o da Madonna. Não a provei porque no momento em que a ia meter aos lábios, os aerofalantes anunciaram a chegada do voo, e também não conseguiria o reembolso, aqui é paga primeiro e espera se quiseres. Como bom “Visigodo” que sou, não é como o tal que chegou de Lisboa, e casou com uma brasileira, aguentei-me à bronca, mas já a ferver, faltava a fresquinha, aquela vizinha do fresquinho.

− Escoltas, essas mais que muitas, não sei se eram indianos vindos da Amazónia, se eram creados no meio do mato, mas aquilo que observei não me deixou mais alegre. Primeiro saí a outra personagem, essa reconheci, assim como muitos dos meus colegas da grande cidade, e eu a desesperar. Era nada mais nada menos que o senhor BOLSOSEMNADA, vindo directamente do Maracanazinho, não sei se para a praia da Saúde se para a praia da “Albarquel”, uma coisa eu sei pálido como ele estava não deveria ter amado o voo. Andava a precisar de banhos na Tróia ou talvez quem sabe uma voltinha na Arrábida. Consegui perceber que o Bolsosemnadaofrecia” as bebidas e até uma janta, assim algo simples como uma lata de sardinha em tomate, ou dois pelins fritinhos, mas sem arroz, isso lá é coisa agora rara. Foi quando tive de correr para esse corredor, não morri apenas porque não morro nem que me matem e… A velhinha escapou-se com todas as carteiras destes personagens.

Bom dia a todos, ou boa noite, ou talvez boa tarde, abre agora o noticiário da uma, o inspector Rick foi apanhado, nos APANHADOS, como sabem estamos a gravar uma série, (e eu que não sou sério, apetece-me matar estes tipos) tivemos aqui muitas pessoas, e vou chamá-los… Fernando Pereira a fazer de VELHINHA, (ainda bem que não se travestiu da dor de costas de Trumpa). A. Raposo, esse tem jeito para assumir o papel de Pinóquio, aliás ele é o escritor fantasma. O nosso Búfalo só pode ser o BOLSOSEMNADA, resta um personagem…TRUMPA…

 

Fontes:

Blogue Repórter de Ocasião, 20 de Julho de 2025

Borda D’Água do Conto Curto, Edições Fora da Lei, Ano de 2020

 

© DANIEL FALCÃO