Publicação: “Público”

Data: 12 de Fevereiro de 2017

 

 

Campeonato Nacional 2017

Taça de Portugal 2017

 

Provas

 

 

Parte I

1

Parte II

 

 

Parte I

2

Parte II

 

 

Parte I

3

Parte II

 

 

Parte I

4

Parte II

 

 

Parte I

5

Parte II

 

 

Parte I

6

Parte II

 

 

Parte I

7

Parte II

 

 

Parte I

8

Parte II

 

 

Parte I

9

Parte II

 

 

Parte I

10

Parte II

 

 

 

 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2017

 

PROVA Nº 1 (PARTE II)

 

TEMPICOS E O TEMPLO DE DELFOS

Autor: A. Raposo & Lena

Dedicado ao “avozinho” Zé de Viseu

 

Tempicos espreguiçou-se longamente na rede debaixo da pérgula e continuou a ler a secção de astrologia do “borda d´água”, leitura entediante para chamar o sono após o almoço no verão, na sua casa do Algarve, onde o peixinho é fresco “escalado” e grelhado no carvão de azinho e um vinho verde fresquinho ajudando a festa.

Rapidamente começou a viajar no tempo entre duas nuvens brancas e fofas e foi dar consigo na estrada que levava ao Templo de Delfos, de mão dada com uma moça roliça de fartos e apetitosos seios que segundo o informou viera da Bélgica, de bicicleta, danada para visitar o campo dos jogos Píticos, na antiga Grécia.

Tempicos sempre sensível aos pedidos feitos por lábios carnudos e gostosos, propôs o seguinte:

– Primeiro vamos ao Templo de Delfos para eu falar à pitonisa e perguntar-lhe:

“Se há alguém mais sábio, inteligente e ilustre detective que Tempicos?”

Depois duma resposta que considerasse favorável ao seu ego, aviava-lhe um programa…

Acontece que havia muita gente e a coisa demorou até ao pôr-do-sol.

Ainda demos dois dedos de conversa com Sócrates que estava a escrever em parceria com Platão e Xenofonte, seus amigos, cada um seu capítulo do livro "Vida atribulada de Sócrates” e o tema estava a dar discussão ao ponto da mulher de Sócrates aborrecida, fechar o zip das vestes e dar de “frosques” zangada.

Tempicos achou a resposta da pitonisa simpática e manifestou essa alegria à gorducha belga que com amizade ripostou: – Graças à virgem Maria!

Pelo relógio de pedra do templo verificaram que já tombava a noite e a fome apertava.

Deitaram-se na relva a comer um pedaço de pão e umas cervejolas de garrafa. E a iniciar umas brincadeiras de mãos. Que mais não lhes conte. A belga já não queria ir visitar os jogos Píticos. Preferia os jogos modernos com o especialista ali à mão, Tempicos, homem que dominava o “savoir-faire” e a difícil arte de agradar a damas, solteiras, casadas, divorciadas e viúvas. Não era racista!

Entusiasmados resolveram ver se podiam entrar num bacanal ali da zona. Porém o Senado já os tinha entretanto proibido.

Na falta de melhor Tempicos conhecia uma tasca de um “portuga” e foram lá comer um divinal bacalhau com batatas a murro. Uma receita que só não conseguia bater a confecção do seu amigo Zé quando lá ia a casa abifar-lhe umas vitualhas e bater uns papos sobre as vitórias do Benfica…

Entretanto Tempicos acordou estremunhado e entrou na real.

E em jeito de filósofo afirmou em voz alta: – Como são as coisas. Nos sonhos tudo existe, vivo ou morto, real ou fantasista, sem lógica, datas certas ou erradas, personagens, épocas. Acções.

Mas os meus amigos que são exímios observadores certamente contarão todas as incongruências que este lindo sonho de Tempicos encerra. Coisas que a verdade histórica desmentiria.

Pergunta-se o número das incongruências:

 

1 – Dez ou mais;

2 – Máximo nove;

3 – Máximo oito;

4 – Menos de cinco.

 

© DANIEL FALCÃO