Publicação: “Público” Data: 14 de Maio de 2017 Campeonato Nacional 2017 Taça de Portugal 2017 Provas
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CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2017 PROVA Nº 4 (PARTE II) O INSPECTOR GARRETT E O POLICIÁRIO Autor: Búfalos
Associados O inspector
Garrett foi sempre um fiel leitor do jornal Público desde que este apareceu
nas bancas. E, verdade se diga, entre os seus amigos há mais quem partilhe
desse salutar vício. E entre eles estão algumas figuras importantes de uma
actividade apaixonante que conta com muitas centenas de participantes,
congregados principalmente pela leitura dominical da página que o Público
publica há 25 anos, entalada entre as páginas da programação da televisão,
dos cinemas e teatros e as do desporto: a página do Policiário. Garrett achou
sempre curioso que uma simples página de jornal possa movimentar tanta
actividade e tanta gente que nem sequer está à espera de lucros ou benesses,
sendo apenas movida pela paixão. Embora residindo espalhados pelos quatro
cantos do país, alguns até no estrangeiro, os policiaristas constituem uma
espécie de seita fervorosamente dedicada à actividade criminal, mas, digamos,
ao lado mais saudável da questão, ou seja, à descoberta dos criminosos e das
suas malfeitorias. Tudo de uma forma desportiva, lúdica e inofensiva.
Utilizando caneta e papel, ou as teclas do computador, em vez de algemas e
pistolas. E, claro, dando uso às células cinzentas. Esses amigos
policiaristas criticavam amiúde Garrett por ele nunca se ter abalançado a
concorrer aos torneios levados a cabo pelo Policiário, nem a produzir
problemas. – "Oh, homem,
você parece que tem receio de ficar mal visto lá pelo facto de ser da
profissão!" – diziam-lhe de cada vez que se reuniam. – "Não, não
se trata disso. Só que nunca fui muito dado a competições, prefiro acompanhar
os problemas que vão saindo, umas vezes acerto, outras não, é conforme. Mas
sobretudo o que me dá mais prazer é o convívio, as amizades que consegui
fazer. Ultimamente é que não tenho tido tempo para aparecer, mas recordo com
muita saudade alguns almoços na esplanada da avenida da Liberdade. Quem se
poderá esquecer de figuras como a do Sete de Espadas, do Dic Roland, do KO,
do Rip Kirby, do Avlis, do Cloriano e de tantos outros? Que saudades! – "Pois,
você, o que tem é medo do vexame, da vergonha de falhar! Ou então não tem
mesmo jeito para isto." – "Pode ser
que sim." – disse Garrett. – "Mas para vos dar uma amostra do meu
jeito para a coisa, vou dar-vos uma ideia do problema que eu escreveria se
decidisse ser produtor. Inventava uma história à volta da morte de um
industrial milionário, viúvo e sem filhos, apenas com quatro afilhados que
sabiam estar contemplados no testamento do velho. A morte seria a tiro, no
próprio gabinete e com a própria pistola sem impressões digitais. Claro que
as suspeitas teriam de caír sobre os afilhados. Antes de se apagar, o homem
ainda teria tido tempo para deixar uma mensagem numa folha de papel, em forma
de charada para evitar ser percebida pelo assassino, mas deixando uma pista
sobre a sua identidade. Essa mensagem pode ser descrita assim: dentro de um
círculo, as letras PER acima de um traço horizontal, e por baixo DIA. Que
tal?" – "Ouça,
Garrett, vê-se bem que você tem lido os nossos problemas, o esquema é
clássico. Onde é que está a novidade?" – "Calma que
eu ainda não acabei. Falta dizer os nomes dos afilhados suspeitos e as
respectivas alíneas. Aí vão: A – Pimenta B – Diamantino C – Redondo D – Perdigão Agora, vá lá,
escolham quem terá sido o culpado." |
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©
DANIEL FALCÃO |
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