| Publicação: “Público” Data: 11 de Junho de 2017 Campeonato Nacional 2017 Taça de Portugal 2017 Provas 
 | CAMPEONATO
  NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2017 PROVA Nº 5 (PARTE II) RECORDAÇÕES DO INSPECTOR GONÇALVES Autor: Inspector Aranha Terminado mais um
  dia de actividade, o Inspector
  Gonçalves, sentado num sofá, em sua casa, ia beberricando um whisky, enquanto
  revia o dia passado. Mais um, mas desta vez assinalado por uma situação nova:
  a Direcção nomeara um novo membro para a sua equipa
  de investigação, um rapaz novo, recentemente entrado na P.J., que o
  acompanhou no caso para o qual, naquele dia, fora escalado – bastante
  simples, por acaso, mas que deu para testar o “puto”, que revelou “pinta”… Situação que agora
  o estava a conduzir para a evocação de um passado já remoto: também a sua
  estreia na P.J., a primeira vez que saíra para, com o Inspector
  Janardo, colaborar na investigação de um caso. Como as situações se repetem!
  Também um caso bastante fácil, resolvido quase na hora – um homicídio
  ocorrido numa vivenda na zona de Belém. Muito tempo passara, mas recordava-se
  bastante bem dos contornos do caso: o proprietário daquela vivenda fora
  atingido mortalmente por um tiro, que atingindo-o na cabeça lhe provocou
  morte imediata. O corpo
  encontrava-se caído junto à janela da sala de estar, sita no rés-do-chão. No
  soalho, junto à cabeça da vítima, via-se uma significativa poça de sangue, e
  sobre o corpo diversos fragmentos de vidro que na janela se mostrava
  estilhaçado, por onde aparentemente fora do exterior disparado o tiro fatal.
  Nada mais fora da normalidade se vislumbrou no local, o que foi confirmado
  pelo irmão da vítima, única pessoa que com ele ali vivia. E que, quando
  interrogado sobre o que sabia do que se passara, declarou que se encontrava
  no primeiro andar, no seu gabinete de trabalho e no computador, avançando no
  trabalho histórico que há algum tempo vinha desenvolvendo, quando, de súbito,
  soou um tiro logo seguido do ruído de vidros a caírem, e do que lhe pareceu
  ser a queda de um corpo. Como só ele e o seu irmão habitavam a casa, correu
  de imediato para o local onde sabia que aquele estava, temendo que algo de
  grave pudesse ter-lhe acontecido. E, infelizmente, não se enganara – ele
  estava caído, inerte, sangrando bastante, junto à janela fechada pela qual,
  certamente, fora baleado, pois o vidro estilhaçado naquela não parecia deixar
  margem para dúvidas… Abrira-a, tentando vislumbrar o autor do disparo, mas já
  não vira ninguém… Entretanto, constatara que o irmão já estava morto. Dera
  por isso logo o alarme, e nada mais sabia. Esperava que descobrissem
  rapidamente o culpado… Inquirido se sabia
  de alguém que desejasse a morte do irmão, respondeu negativamente. E, depois de uma
  nova inspecção ao local e ao corpo, foi-lhe feita a
  vontade. De facto, a resolução fora fácil e rápida. Como a do caso de hoje. E
  não é que o “puto”, recém-chegado à equipa, foi também pronto a chegar à
  conclusão que o Inspector Gonçalves já tirara do
  caso? E agora
  perguntamos nós aos leitores do “Público Policiário”: O irmão da vítima foi
  acusado porque: A – Não quis
  identificar quem pudesse desejar a morte do irmão; B – Como estava no
  andar de cima não podia ouvir a detonação vinda do exterior; C – A posição e aspecto do corpo não estão de acordo com a sua descrição
  dos factos; D – Contratou
  alguém para matar o irmão através da janela. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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  DANIEL FALCÃO |  | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||