Publicação: “Público” Data: 17 de Julho de 2016 Campeonato Nacional 2016 Taça de Portugal 2016 Provas
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CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2016 SOLUÇÃO DA PROVA Nº 5 (PARTE I) SMALUCO NO RÉVEILLON Autor: Inspector Boavida É
verdade que o tipo de sangue mais raro do mundo é o AB Rh negativo, sendo
encontrado em média apenas numa pessoa em cada 170. Mas isso não prova que
aquele sangue seja de Smaluco, a não ser que um exame de ADN o comprove. Mas,
mesmo assim, o detetive pode ficar descansado. Tudo o que aconteceu no CBS
não passou de uma partida, na qual colaborou Natália Vaz, que no momento em
que faltou a luz no salão cirandava feliz e sorridente pelo bar. E quando
Smaluco lhe comunicou que era suspeito de ter assassinado o Dr. Brotas, por
ser seu o sangue que constava do cartão-de-visita encontrado junto ao corpo,
ela rebentou de riso, para desespero do seu amado. Recorde-se
que Smaluco considerou insólito o convite para participar na festa do CBS,
onde não conhecia ninguém, embora não lhe fosse estranho um dos presentes, um
tal sujeito de porte altivo e com modos de anfitrião (o dirigente que tinha a
seu cargo a receção dos convidados): o médico analista (por quem passam vários
tipos de sangue!). E isto pode explicar a origem do sangue com que foi
escrito o seu nome. E o sangue até pode nem ser dele. É certo que aquele é o
seu grupo sanguíneo, mas qualquer pessoa pode saber isso, desde que conheça
alguém da sua intimidade (Natália) ou tenha acesso ao seu sangue recolhido
para análises ou… à sua ficha de antigo funcionário da PJ. E será
que o tal jovem inspetor era mesmo… inspetor da PJ? Atente-se no facto de ele
ter aparecido no CBS menos de uma hora depois de o tesoureiro do clube se ter
ausentado com o propósito de telefonar para a polícia. E será que telefonou?
A verdade é que o tal inspetor apareceu bem cedo demais, numa noite de fim de
ano em que os efetivos de plantão são escassos, sem que antes tenha aparecido
um guarda da PSP, como seria normal. Estamos portanto perante um falso
inspetor da PJ, que se dispôs a fazer parte desta brincadeira de mau gosto
para atormentar o pobre detetive Smaluco. A forma
como os convivas se encontravam vestidos (Cinha Quintal estava mascarada de
pobre, Lili Malveira fantasiada de Marilyn Monroe, Gaya vestida de
futebolista…), pode muito bem ser a prova de que aquele Réveillon tinha como
mote o Carnaval. E, como muito bem sabemos, o Carnaval é pródigo em partidas,
sendo fértil no uso de armas: espingardas, pistolas e… punhais. O que parece
certo é que toda a gente sabia da brincadeira, exceto Smaluco, que acreditou
mesmo no assassinato do presidente do CBS. Mas como é possível que não tenha
percebido que ele não morrera? Quando o
tal falso jovem inspetor chegou ao CBS certificou-se de que o salão já tinha
sido evacuado, o que quer dizer que todos os convivas foram afastados do
local logo que o Dr. Brotas foi encontrado caído no chão, mal dando tempo a
Smaluco para reparar que aquele não havia morrido. Até porque estava no meio
de médicos das mais várias especialidades e acreditou que a morte fora
imediata e devidamente certificada por aqueles. Mas, na realidade, o que
acontecera fora simplesmente isto: conforme combinado, mal a luz do salão foi
apagada, o Dr. Brotas aproximou-se o mais possível de Smaluco; Lili, Cinha e
Gaya gritaram: “não empurrem!”, “cuidado, não me pisem!”, “larguem-me!”; o
presidente do CBS encaixou um punhal de carnaval no lado esquerdo do seu
peito, onde havia uma bolsa de sangue que rebentou, molhando-lhe a mão
direita. Atirou-se de seguida para o chão e a sua mão esquerda ficou a
segurar o punhal, deixando, antes, junto de si o cartão-de-visita com o nome
de Smaluco. E a luz voltou!... |
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©
DANIEL FALCÃO |
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