Publicação: “Público”

Data: 18 de Outubro de 2015

 

 

Campeonato Nacional 2015

Taça de Portugal 2015

 

Provas

 

 

Parte I

1

Parte II

 

 

Parte I

2

Parte II

 

 

Parte I

3

Parte II

 

 

Parte I

4

Parte II

 

 

Parte I

5

Parte II

 

 

Parte I

6

Parte II

 

 

Parte I

7

Parte II

 

 

Parte I

8

Parte II

 

 

Parte I

9

Parte II

 

 

Parte I

10

Parte II

 

 

 

 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2015

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 8 (PARTE I)

 

O 1º CASO DO INSPECTOR FERREIRA

Autor: Detective Jeremias

 

O inspector Ferreira sabe que na investigação criminal é importante ser perspicaz e, ao mesmo tempo, é necessário ver para além do que está à vista. É isso que ele tenta fazer sempre.

Quando a sua equipa ficou com este caso, a hipótese de o ourives estar implicado no golpe foi descartada, não só por o Sr. Prata apresentar a documentação em ordem, mas também por ser ele o principal lesado. Depois, tudo corria bem, como numa engrenagem bem oleada: não há contradições entre as declarações à polícia, do ourives e da testemunha, e os elementos de prova recolhidos no local; e, ouro sobre azul, o gorro de ski usado pelo assaltante tem material biológico suficiente para obter o perfil de ADN.

Posto isto, vamos ao que interessa, ou seja, a forma como o inspector Ferreira analisou os depoimentos dos diferentes suspeitos.

Por causa da bicicleta, o Toupeira parece ter culpas no cartório. Sai cedo de casa e, considerando o factor tempo, teria sido possível introduzir-se na ourivesaria antes de o proprietário chegar. Também o testemunho das suas duas amigas poderá não ser relevante, dado o sucesso do Toupeira junto do sexo feminino. Mas o Ferreira rapidamente se dá conta que o uso, permanente e obrigatório, de óculos desvia este homem do papel de principal suspeito, porque o Sr. Prata fora bastante claro e preciso nas suas declarações.

O Enguia é outra música. A caderneta do banco mostra que foi feito um levantamento, mas não indica nem a hora, nem quem efectuou essa transação. No entanto, o Ferreira sabe qual é a instituição bancária e que a caderneta só pode ser utilizada no interior, num local habitualmente sujeito a filmagem. Sabe igualmente que também o acesso da via verde da auto-estrada é controlado. A justificação que o Enguia apresenta até pode ser verdade, mas se saiu de Santarém à hora indicada conseguiria chegar ao centro de Lisboa a tempo de preparar o golpe. Este suspeito mantem-se como tal e o Ferreira passa ao cliente seguinte.

O Patinhas apresenta como álibi o facto de ter o carro bloqueado pela Emel por ter excedido o tempo de estacionamento e diz também que o carro é novo, 100% eléctrico e está “devidamente identificado com tudo a que tem direito”. Quando o inspector Ferreira anotou as declarações não reparou, mas mesmo antes de contactar a Emel apercebeu-se de que o Patinhas devia estar a mentir. É que os veículos 100% eléctricos identificados com o Dístico Verde não estão sujeitos a pagamento de tarifa de estacionamento nem são obrigados a cumprir o limite de tempo. O Patinhas com a sua obsessão pela poupança não podia deixar de aproveitar este benefício. O Ferreira sabe que o Dístico Verde é válido por um ano e que o carro é “novo em folha” e, por isso, ainda estará dentro da validade. Assim, o inspector Ferreira considera o Patinhas como o principal suspeito e o primeiro telefonema que irá fazer será para a Emel.

© DANIEL FALCÃO