Publicação: “Público”

Data: 15 de Novembro de 2015

 

 

Campeonato Nacional 2015

Taça de Portugal 2015

 

Provas

 

 

Parte I

1

Parte II

 

 

Parte I

2

Parte II

 

 

Parte I

3

Parte II

 

 

Parte I

4

Parte II

 

 

Parte I

5

Parte II

 

 

Parte I

6

Parte II

 

 

Parte I

7

Parte II

 

 

Parte I

8

Parte II

 

 

Parte I

9

Parte II

 

 

Parte I

10

Parte II

 

 

 

 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2015

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 9 (PARTE I)

 

FOI DO DESESPERO?

Autor: Karl Marques

 

Pois, ele não quer que o leitor perceba tudo, não vá dar-se o caso de o leitor começar a desconfiar do próprio inspetor.

A sua falta de simpatia pela vítima é assumida ao longo de toda a narração.

Começa por chegar relativamente cedo à entrada do prédio (corpo descoberto pouco depois das 9h30, chamada para a polícia, tudo aponta que para a PSP que já lá está, e às 10h20 já lá está o inspetor, que em princípio seria chamado posteriormente, como se estivesse pronto a rumar ao local do crime. Não é impossível, longe disso, mas é um primeiro indício.

Apesar do seu elevado peso (descrito mais à frente) dirige-se de imediato às escadas, sem tentar chamar o elevador. Que de facto está avariado, mas não seria suposto ele sabê-lo.

Antes havia cumprimentado um amigo da vítima e sentido o frio de suas mãos, não terá portanto luvas, mas à chegada, depois do cigarro fumado escadas acima, é dito que empurra a porta do apartamento. Não é dito que foi com a mão, é certo, mas nota-se uma displicência em relação ao local do crime.

A existência de pegadas suas, quando, por exemplo, o arrumadinho as não deixou, revelam também alguma falta de cuidado. Como se quisesse deixar vestígios.

Nos interrogatórios fala “dos arrendatários que saíram”, mas segundo o próprio ele só soube depois que eram arrendatários e que já não habitavam o prédio, e que até havia estado a pressionar as respetivas campainhas.

Não manifesta qualquer curiosidade em conhecer o alibi do “homem que já está muito melhor” antes apressando as suas respostas, como se já estivesse certo que ele de nada seria culpado.

Também nos interrogatórios se nota ausência de questões relacionadas com eventuais inimigos, etc.

Terá começado por se inteirar dos hábitos dos habitantes e visitantes do prédio, por forma a escolher o dia mais conveniente.

Depois de assassinar a vítima, provavelmente com esta sentada no cadeirão, arrastou o corpo para o tapete na posição em que foi encontrado. A presença de sangue apenas na roupa, para mais espalhado por todo o lado esquerdo, e o braço ainda a segurar a pistola retiram a hipótese de a morte ter acontecido naquele local e naquela situação, deixando a hipótese de suicídio praticamente de lado, só viável se alguém deslocasse o corpo depois. Limpou a zona da sala onde cometera o crime, e tentara lançar suspeitas para aquele que ele sabia ser uma visita habitual, através de uma arrumação que contrastava com os outros hábitos da vítima.

© DANIEL FALCÃO