Publicação: “Público”

Data: 22 de Abril de 2018

 

 

Campeonato Nacional 2018

Taça de Portugal 2018

 

Provas

 

 

Parte I

1

Parte II

 

 

Parte I

2

Parte II

 

 

Parte I

3

Parte II

 

 

Parte I

4

Parte II

 

 

Parte I

5

Parte II

 

 

Parte I

6

Parte II

 

 

Parte I

7

Parte II

 

 

Parte I

8

Parte II

 

 

Parte I

9

Parte II

 

 

Parte I

10

Parte II

 

 

 

 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2018

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 2 (PARTE II)

 

O CASO DA MORTE DE ELISA

Autor: Inspetor Boavida

 

Resposta correta: alínea D) Homicídio praticado por Carlos Marques.

As hipóteses de acidente e suicídio estão à partida excluídas, uma vez que o subchefe Pinguinhas encontrou a janela do gabinete da secretária fechada, o que significa que alguém a fechou depois de Elisa ter voado dali para o lajedo das traseiras do edifício. E uma vez que esta não se atirou pela janela voluntariamente, a missiva encontrada por cima do teclado do seu computador não terá sido escrita por ela, mas por alguém que pretendeu encenar um suicídio que encobrisse o homicídio por si cometido.

Mas quem terá cometido o assassinato, Carlos Marques ou a sua mulher? É plausível que esta tivesse tido conhecimento do caso de infidelidade do marido com a secretária, mas não há nada que indicie a sua intervenção no homicídio em momento algum do enunciado do problema. Por outro lado, esta não estava na empresa à hora do crime, que ocorreu depois das 20h00 (Pinguinhas deslocou-se ao local da ocorrência “após uma jornada intensa de trabalho quase ininterrupto de dez horas, iniciada às dez da manhã”), numa altura em que a empresa já se encontrava encerrada ao público e todos os funcionários já haviam abandonado as instalações, à exceção de Elisa.

Aliás, o subchefe “certificou-se de que ninguém estava nas instalações e que tudo se apresentava isento de indícios de associação ao ocorrido”, quando percorreu os três pisos na companhia do sócio-gerente da empresa. E se não estava mais ninguém nas instalações, só pode ter sido Carlos Marques o autor do homicídio. Este foi aconselhado pelo subintendente Pezinhos a não tocar em nada e a esperar pelo seu subordinado (subchefe Pinguinhas) à porta da loja, o que confirmou ter feito. Mas, na verdade, ele mente, pelo que tem muito a explicar. Talvez a explicação passe por eventuais exigências de Elisa, uma das suas muito comentadas conquistas amorosas, a que ele não aceitou ceder, decidindo pela sua eliminação para não comprometer o seu casamento.

Carlos Marques empurrou-a, então, pela janela do gabinete e depois encenou o suicídio, escrevendo uma carta de despedida em nome de Elisa Fagundes (a letra trémula, que aos olhos da justiça poderia significar um estado extremo de nervosismo de quem a escreveu, mais não era do que a paulatina tentativa de imitação de uma caligrafia que o sócio-gerente da empresa conhecia muito bem). Só que cometeu o erro de fechar a janela e de admitir não ter mexido em nada, confirmando ter ficado à espera do subchefe Pinguinhas à porta da loja, como lhe aconselhou o subintendente Pezinhos.

© DANIEL FALCÃO