Publicação: “Público”

Data: 14 de Outubro de 2018

 

 

Campeonato Nacional 2018

Taça de Portugal 2018

 

Provas

 

 

Parte I

1

Parte II

 

 

Parte I

2

Parte II

 

 

Parte I

3

Parte II

 

 

Parte I

4

Parte II

 

 

Parte I

5

Parte II

 

 

Parte I

6

Parte II

 

 

Parte I

7

Parte II

 

 

Parte I

8

Parte II

 

 

Parte I

9

Parte II

 

 

Parte I

10

Parte II

 

 

 

 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2018

 

PROVA Nº 9 (PARTE II)

 

CADÁVER NA PRAIA

Autor: Bimba

 

O corpo estava de bruços, assente na areia há pelo menos duas horas, quando ocorreu a maré baixa. No local onde estava, não poderia deslocar-se muito, uma vez que havia rochas em todos os lados, formando uma espécie de caixa com fundo arenoso e paredes de rocha que, no entanto, deixavam entrar e sair a água do mar. Parecia ser de um homem de meia-idade, cabelo grisalho ralo.

Rapidamente o agente da Polícia Marítima conseguiu reunir quatro suspeitos, precisamente os que foram captados por câmaras de vigilância de estabelecimentos comerciais da zona, que os detectaram na companhia da vítima durante a noite e princípio de madrugada, em curtas deslocações de bar para bar.

Por causa das marés e do estado da vítima, a autópsia viria a situar a hora da morte com muita segurança, por volta das duas da madrugada e com esse dado e os depoimentos prestados pelos suspeitos, o agente procurava decifrar este caso.

Depoimento do José: Andei nos copos com ele, com o Carlos, o Paulo e o Luís. É só uma forma de dizer porque eu não bebi, tenho estado um bocado avariado “das entranhas” e acabei mesmo por ir às urgências do hospital esta madrugada. Consideraram que não era urgente e passei lá uma série de horas, entre a 1.30 e as 6.00, como podem ver neste comprovativo que me passaram lá (exibiu o comprovativo da hora de entrada nas urgências e de saída, que o agente confirmou com os serviços médicos). Receitaram-me uns comprimidos e queriam que eu tomasse um remédio lá, mas como não estava sóbrio, tive de esperar aquele tempo todo. Quando me livrei daquilo, passei pela praia e foi quando dei com o António naquele estado, afogado, com os olhos muito abertos a fitarem-me. Horrível. Vi logo que estava morto e chamei a Polícia Marítima.

Depoimento de Carlos: Não sei de nada, andámos todos nos copos até perto da 1.20, mais coisa menos coisa, quando o José disse que ia para o hospital e deixou o grupo. Como eu tinha de me apresentar hoje cedo no Tribunal, andei por aí e pela madrugada passei pela praia e notei a confusão que por lá andava, com o achado do António. Não tenho álibi para depois da 1.45, mais ou menos, quando deixei os outros.

Depoimento de Paulo: Fui eu que chamei a Polícia Marítima por o António estar morto na praia, meio coberto de areia. Vi logo que tinha uma ferida feia no rosto, provavelmente feita na queda e que estava morto, isso tenho a certeza. Estava com os copos, como todos os outros e não me apercebi de nada mais.

Depoimento de Luís: Eu estava bêbado de todo. Não sei o que se passou depois da 1.00, mais ou menos. Tenho uma ideia muito ténue de que cada um de nós foi para seu lado e não nos reencontrámos mais, mas certezas não tenho. Sei que acordei hoje de manhã com a Polícia a bater-me á porta e cá estou. Disseram-me que o António apareceu morto, afogado no mar, coitado. Se calhar escorregou ou coisa assim, não sei…

O agente da Polícia Marítima confirmou que a chamada telefónica que denunciou a situação foi feita de um telemóvel registado em nome do Paulo e que foi ele que se identificou como sendo o autor do telefonema. A causa da morte não foi afogamento mas sim uma pancada violenta de objecto contundente na fronte, que apesar das diligências não foi encontrado. Sem margem para qualquer dúvida, fora agredido e atirado para aquele local, ficando de bruços a flutuar, até a retirada da água o ter depositado em cima da areia.

O agente questionava-se sobre quem seria o responsável, afastada que estava a possibilidade de haver conivências:

 

A – O Luís;

B – O Paulo;

C – O Carlos;

D – O José.

 

© DANIEL FALCÃO