Publicação: “Público”

Data: 23 de Setembro de 2018

 

 

Campeonato Nacional 2018

Taça de Portugal 2018

 

Provas

 

 

Parte I

1

Parte II

 

 

Parte I

2

Parte II

 

 

Parte I

3

Parte II

 

 

Parte I

4

Parte II

 

 

Parte I

5

Parte II

 

 

Parte I

6

Parte II

 

 

Parte I

7

Parte II

 

 

Parte I

8

Parte II

 

 

Parte I

9

Parte II

 

 

Parte I

10

Parte II

 

 

 

 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2018

 

SOLUÇÃO DA PROVA Nº 7 (PARTE II)

 

O RUBI

Autor: Rigor Mortis

 

C – O Marco.

O agente Rogério Viriato, ao terminar o interrogatório e enquanto os actores davam início à representação dessa noite, procurou sistematizar os dados de que dispunha:

A – A própria Marlene.

Motivos: Não são perceptíveis razões para a Marlene ter roubado – ou escondido – a sua própria jóia, ainda por cima sabendo que era falsa.

Meios: Tinha as chaves do seu camarim e da caixa de jóias.

Oportunidade: Teve a oportunidade, claro, tendo sido ela a guardar a jóia na caixa, no fim do segundo acto, e a fechar o camarim ao fim da noite.

Comportamento: A reacção irónica à revelação do director de cena de que o rubi era falso mostra que a Marlene sempre o tinha sabido.

B – A Ruby.

Motivos: A inveja que tinha da Marlene seria uma boa razão para a ferir e prejudicar, roubando a sua jóia preciosa favorita.

Meios: Sem as chaves do camarim da Marlene e da caixa de jóias, teria que lá ter entrado antes do fim do espectáculo, isto é, durante o terceiro acto.

Oportunidade: Teve-a no terceiro acto, depois de ter saído de cena e antes de o Marco também ter saído de cena.

Comportamento: A exclamação da Ruby, perante a revelação de que o rubi era falso, não denotou surpresa nem decepção, antes satisfação e sarcasmo.

C – O Marco.

Motivos: Vender ou empenhar a jóia, se fosse autêntica, dar-lhe-ia meios financeiros para uma vida bem mais folgada.

Meios: Sem as chaves do camarim da Marlene e da caixa de jóias, teria que lá ter entrado antes do fim do espectáculo, isto é, durante o terceiro acto.

Oportunidade: Teve-a no terceiro acto, depois de ter saído de cena.

Comportamento: Marco também não mostrou surpresa. A sua reacção perante a revelação do director de cena foi “fechar ainda mais a cara”, como se já o soubesse.

D - O Contra-Regra.

Motivos: Apesar de ter dito que “não o desprezaria”, não se vislumbram razões para roubar o rubi.

Meios: Sem as chaves do camarim da Marlene e da caixa de jóias, teria que lá ter entrado antes do fim do espectáculo, isto é, durante o terceiro acto.

Oportunidade: Nunca teve oportunidade, tendo tido que estar sempre ao lado do palco, como compete a um contra-regra.

Comportamento:  A surpresa do contra-regra ao saber que o rubi era falso foi genuína.

Racionalmente, portanto, só Ruby ou Marco poderiam ter roubado a pedra, já que a Marlene não tinha motivos para o fazer e o contra-regra nunca teve a oportunidade para tal.

Se Ruby o tivesse feito, era normal que a sua reacção, perante a revelação do director de cena de que a pedra era falsa, fosse de surpresa e decepção – o roubo que teria feito, afinal, nem teria tido grande impacto na Marlene, não lhe provocando a tristeza, ou raiva, que a teriam satisfeito.

A reacção do Marco, pelo contrário, foi de alguém que até já sabia que a jóia era falsa. Não sendo plausível que a Marlene ou o director de cena lho tivessem dito antes, a explicação poderia perfeitamente ser porque o Marco, tendo roubado o rubi na véspera, depois de ter saído de cena no terceiro acto e antes do fim da peça, o tivesse levado na manhã seguinte a uma loja de penhores, onde imediatamente terá sido informado que a pedra era falsa.

Face à conclusão a que chegou, o agente Jorge Viriato deteve o Marco no final da peça, para novos interrogatórios, e mandou investigar as joalharias e lojas de penhores da vizinhança…

© DANIEL FALCÃO