Publicação: “Público” Data: 21 de Março de 2010 Campeonato Nacional 2010 Taça de Portugal 2010 Provas
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CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2010 SOLUÇÃO DA PROVA Nº 2 (PARTE II) O CASO DA JOSITA CORLI Autor: Medvet A resposta correcta
é B. Não foi suicídio.
Uma rapariga bonita – e que sabe que o é, usando essa beleza para atingir os
seus fins – não vai suicidar-se com um tiro na cara: recorde-se que o
sucedido não era nada bonito de se ver. Josita gostaria que a lembrassem bela
e não iria matar-se desse modo; usaria veneno, por exemplo. Por outro lado, ela
não tinha motivos para se matar. Aquele comentário poderia ter apenas a ideia
de se desembaraçar de um namorado inoportuno, ou seja Perita. “Acabar com
tudo” poderia indicar “acabar com Ramon”. Não há carta de suicídio nem sinais
de violência. O suspeito mais
provável é Ramon Perita. Francisco Peres não tinha motivos para matar a moça.
Já o namorado afirmara que não gostava de a ver com outros homens; e diz que
a rapariga lhe prometera deixar de “fazer olhinhos”, mas as declarações de
Peres não corroboram isso; antes, dão mais a ideia de que ela estava a pensar
terminar a relação. É possível que ele
a fosse ver no domingo para “esclarecer” a situação e fingisse acreditar na
explicação que ela lhe deu. Hábil a esconder os seus sentimentos (“água
silenciosa é a mais perigosa”) podia ter levado a arma já com a ideia de a
matar se as suas suspeitas tivessem fundamento; talvez lhe mostrasse o
revólver para se defender dos assaltos, isso explicaria porque a moça não
mostrava sinais de surpresa/terror (o que indica que a vítima conhecia o
assassino, já que não é muito crível que se matasse dessa forma, haja em
vista o seu temperamento/carácter). Ela segurara a arma para “experimentar”,
por exemplo, e ele talvez indo por trás da rapariga (que estava sentada) e
obrigou-a dobrar o pulso e carregou no gatilho, disparando o revólver. A bala
atravessaria a parte inferior da cara, destruindo-a. Deste modo, só haveria
impressões dela na arma. Depois, o homem só teria de sair de casa, deixando a
porta trancada. Mas esqueceu-se de apagar a luz, o que indicou ao Inspector
que a vítima fora morta ainda de noite (o que a autópsia confirmou) e que
estava ainda a pé. Confrontado com os
factos, Ramon Perita confessou. |
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©
DANIEL FALCÃO |
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