Publicação: “Público” Data: 23 de Maio de 2010 Campeonato Nacional 2010 Taça de Portugal 2010 Provas
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CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL 2010 SOLUÇÃO DA PROVA Nº 4 (PARTE I) NA ÚLTIMA FRONTEIRA Autor: Karl Marques Bom, hesitei
bastante antes de propor um problema que tomasse como base uma série de
ficção científica (Star Trek). Mas optei por
apresentar na mesma a proposta. Os três portadores
de armas têm discursos que não encontram confirmação nos testemunhos dos
outros dois. Comecemos pelas
horas: todos dizem que estiveram juntos no bar mas: Gyaff diz que esteve no bar a partir das 17h00,
mas às 18h00 já não estava no quarto da vítima, com ela. Suap diz que esteve no bar das 17h00 às 18h00,
que aí ainda se cruzou com a vítima. Portanto, a vítima, às 18h00 ainda não
estava no quarto. Passav, por sua vez, diz que
esteve na companhia dos outros dois durante hora e meia, a partir das 17h00.
Ora, uma hora e meia daria 18h30. A esta hora Gyaff
e Suap dizem que já nem estavam no bar, e que Gyaff já tinha ido até ao quarto da vítima. Estaremos
perante um indício sério de que o crime foi cometido por Passav?
Talvez. No entanto continua
a existir a divergência entre Gyaff e Suap. Na primeira
resposta de Passav duas coisas dignas de registo
surgem: – Por um lado o
facto de dizer descobrir surpresa na reacção de Mavock: Mavock é vulcano, espécie conhecida pelo seu espírito lógico e
ausência de exibição de emoções. Um vulcano a
mostrar surpresa? Para mais na investigação de um homicídio… Então, porquê o
comentário do Marsulan? Porque ele próprio já
esperaria essa surpresa? Já sabia que o que estava a dizer ia chocar com
outras declarações? Como saberia ele disso? – Por outro lado, à
pergunta “Esteve hoje no quarto da vítima?”, ele responde, de uma vez só, a
várias perguntas: 1º se esteve; 2º quando esteve; 3º a razão da visita; 4º o
estado de espírito da vítima; 5º que foi a última vez que o viu; 6º onde
tinha estado, com quem e durante quanto tempo. Muitas respostas para
perguntas ainda não feitas, mas que Mavock de facto
queria fazer, pois fizera-as também a Gyaff. Mais
curioso ainda, responde pela mesma ordem pela qual Mavock tinha feito as perguntas a Gyaff.
Como poderia ele saber? Apenas se Gyaff lhe tivesse
contado. Existe ainda outro
ponto a unir Gyaff e Passav:
Gyaff diz que a vítima tinha descoberto a fórmula
resolvente para 5º grau. Ora tal, está demonstrado desde o século XIX, é
impossível. Essa fórmula existe, e apenas existirá, até ao 4º grau. Ora, no
papel no quarto de Passav: temos “0,1,2,3,4 há” que
são precisamente os graus para os quais existe fórmula, e depois
“5,6,7,8,9,10... não”, pois partir de 5 não há nem
haverá. Foi Passav quem deu a informação a Gyaff, para que este, propositadamente, desse uma
informação que nunca poderia ser verdadeira. O objectivo
dos dois é apenas baralhar Mavock o tempo
suficiente para que estes possam sair da nave. Ao lançarem várias pistas
incoerentes e inconciliáveis, procuram que este tenha muito com que entreter
o pouco tempo disponível. Gyaff compromete-se de imediato com a questão
da fórmula resolvente. Passav com a questão do
tempo que não é confirmada por nenhum dos outros. Lançam também Suap para a confusão: roubam-lhe a faca, para que exista
mais um suspeito. E Gyaff faz algo mais: ao sair do
bar, pouco depois de Suap, viu a vítima a conversar
com o Comandante Data, como tal, Suap também o
tinha visto. E assim incluiu o detalhe da “inteligência artificial”. Sendo o
Comandante Data um andróide,
seria estranho a vítima estar a falar com ele se tivesse alguma espécie de
aversão à inteligência artificial. Ao incluir este detalhe contribuía para
mandar também Suap para a confusão, quando este
desse o testemunho. Os culpados foram
dois: Gyaff e Passav. |
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©
DANIEL FALCÃO |
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