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CONCURSO DE CONTOS POLICIAIS

UM CASO POLICIAL NO NATAL

CHEGARAM OS PAIS NATAIS…

Abrótea

Dedicado aos meus avós maternos, que durante décadas trabalharam e tiveram uma, não uma, mas duas pedras no Mercado do Livramento, o velho (hoje arrebitavam as orelhas, porque este mercado é considerado o mais bonito da Europa e não é por eu ser visigodo que o digo, visigodo ou setubalense. Meus velhinhos no momento não o reconheciam).

A minha “linda velhota”, que eu nem me lembro de nada, diz que na altura eu tinha apenas três aninhos e os varandins do primeiro andar já existiam. Apanhei duas palmadas bem dadas, conta ela, porque me pendurava em cima dos varandins. Foi do meu avô… foram bem dadas, não sei, porque fazia mais avarias. Vocês, estranhos a Setúbal, não conhecem, mas antigamente todos, ou quase todos, os autocarros paravam na porta principal do mercado. Eu saía e entrava dentro de um, de outro ou ainda de outro. Até que um belo dia, e isto é a minha mãe que me conta, fui no autocarro quatro e um polícia chegou comigo.

Já toda a gente andava a perguntar por onde eu andava. E eu nem sabia. E nessa manhã levei dois puxões de orelhas e quatro sapatadas, duas do meu avô e duas da minha avó. Agora, anos depois, estou no primeiro andar de novo, mas já com direitos. As festas natalícias aqui normalmente começam a 15 de novembro e terminam depois do dia de Reis. E aqui começa todo o problema, porque, já adulto e em Setúbal, o “Boss” sabia que conhecia aquilo.

Meia noite e estou no mercado do Livramento. Sabíamos que durante aqueles dias dezenas de pessoas eram assaltadas. Mas que aquilo tem proteção, ninguém sabia? Conversando, passei a saber algumas coisas, e voltei para o andar onde eu em pequeno andava. Eu sabia que todos os funcionários entravam pelas seis da manha, e as portas abriam pelas sete.

Também no local onde estava conseguia olhar todo o mercado, algumas mariposas menos Volantins e três pais Natal. Foi esses que segui. As barbinhas, magros e as crianças em volta deles. A minha avó falava que o Pai Natal era gordo, saco nas costas e descia pelas chaminés. Nunca o vi e nem quero ver. Mas estes três foram presos, entraram magrinhos saíram gordos… e sabem porquê!!!!...

Boas festas e todos presos!

A Parte dois…

Segunda parte um ano depois, mas …

Não fugiram os dois … nem um só!!!

(Apenas um aparte: este era o segundo conto, mas como o nosso Inspetor pediu para eu desenvolver a narrativa, aí está! Isto era para ser um PASTICHE, mas assim desenvolvo aqui e vamos ver se bate tudo certo. A quem se lembrar, peço que me ajudem porque sei que isto saiu naquelas revistas das quais apenas tenho cinco e nem sei se eram as do Lima Rodrigues.)

Mas vamos para o outro lado de Setúbal. Fui buscar a Cebolinha. O LP no seu Policiário organizava nesse Domingo uma tertúlia em Santo André. Mas não, não foi o LP, mas sim o Dic Roland. O Inspetor Paulo ainda por cima conseguiu uma proeza. Eu que nem gosto de andar de barco, obrigou-me a ir por Troia. Ao sair do barco (apenas é já ali), só que o já ali fica longe de tudo o resto. Ao passarmos por Pinheiro da Cruz, ufa que coisa, tivemos que parar. Todos nós conhecemos isso, enviámos muitos para lá, uns menos violentos, outros mais ou menos, e ainda outros que organizavam a festa de Natal. Uma festa talvez normal, talvez não!!!

O Inspetor Paulo, ainda no barco, recebeu uma mensagem. Como eu estava de folga o assunto era com ele e nada comigo. Passei de lado, mas não o podia deixar solitário, nem a Cebolinha. Que acontecia então?

Os meninos decidiram fazer uma peça teatral onde entrava o Pai Natal. Não apenas um, mas muitos, muitos mesmo, meninos que de meninos não tinham nada. E como eu referi, viram o nome do estabelecimento. Os mais reguilas e também os menos.

Quem cultivava andava mais à vontade, mas sabiam que ali existia um pinheiro enorme. Havia sempre dinheiro lá dentro, isso para quem trabalhava, era o óbvio. Uma semana antes de Natal pediram uma audiência com a diretora.

Foi aceite e eis o que pediram – Senhora doutora precisamos de um pinheiro para o iluminarmos e decorar, estamos no Natal, podemos?

Saiu-lhes a sorte grande e a pequena. O pinheiro foi instalado junto ao muro e enquanto a peça teatral era encenada, as cadeiras iam ficando vazias. O maior azar foi que nós tínhamos que passar por uma aldeola, DEIXA O RESTO. E isso estava escrito na peça.

Boa sorte para todos e deixa o resto, aquele abraço do Abrótea.

 

 

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Fonte: Local do Crime, 20 de Junho de 2024

© DANIEL FALCÃO